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A ORAÇÃO PARTICULAR

A oração de família, e em público, tem o seu lugar; mas é a comunhão particular com Deus que sustém a vida da alma. Foi no monte, com Deus, que Moisés contemplou o modelo daquela maravilhosa construção que devia ser o lugar permanente de Sua glória. É com Deus no monte – o lugar particular de comunhão – que havemos de contemplar Seu glorioso ideal para a humanidade. Assim seremos habilitados a moldar a construção de nosso caráter de tal maneira, que se possa cumprir em nós a promessa: “Neles habitarei e entre eles andarei; e Eu serei o seu Deus, e eles serão o Meu povo.” II Cor. 6:16.

Enquanto empenhados em nosso trabalho diário, devemos erguer a alma ao Céu em oração. Essas silenciosas petições ascendem como incenso perante o trono da graça, e o inimigo é confundido. O cristão cujo coração é assim firmado em Deus não pode ser vencido. Nenhuma arte maligna pode destruir-lhe a paz. Todas as promessas da Palavra de Deus, todo o poder da graça divina, todos os recursos de Jeová, estão empenhados em garantir-lhe o livramento. Foi assim que Enoque andou com Deus, e Deus era com ele: um socorro bem presente em todas as ocasiões de necessidade.

Os ministros de Cristo devem vigiar em oração. Eles podem ir com ousadia ao trono da graça, levantando mãos santas, sem ira nem contenda. Podem, com fé, suplicar do Pai celestial sabedoria e graça, a fim de que possam saber trabalhar e lidar com o espírito das pessoas.

A oração é a respiração da alma. É o segredo do poder espiritual. Nenhum outro meio de graça a pode substituir, e a saúde da alma ser conservada. A oração põe a alma em imediato contato com a Fonte da vida, e fortalece os nervos e músculos da vida religiosa.

Negligenciai o exercício da oração, ou a ela vos dediqueis de quando em quando, com intermitências, segundo pareça conveniente, e perdereis vossa firmeza em Deus. As faculdades espirituais perdem sua vitalidade, a experiência religiosa carece de saúde e vigor.

É unicamente no altar de Deus que podemos acender nossos círios com fogo divino. É unicamente a luz divina que revelará a pequenez, a incompetência das habilidades humanas, e dará uma clara visão da perfeição e pureza de Cristo. É somente ao contemplarmos Jesus que desejamos ser-Lhe semelhantes, somente ao vermos Sua justiça, temos fome e sede de a possuir; e é só ao pedirmos em oração fervorosa, que Deus nos assegurará o desejo de nosso coração.

Os mensageiros de Deus devem demorar-se longamente com Ele, se querem ter êxito em sua obra. Conta-se a história de uma velha senhora de Lancashire, que escutava as razões que os vizinhos apresentavam para o sucesso de seu pastor. Falavam de seus dotes, de seu estilo na linguagem, de suas maneiras. “Não”, lhes disse a velha senhora, “eu lhes direi o que é. Vosso homem está muito unido com o Todo-poderoso”.

Quando os homens forem tão devotos como Elias, e possuírem a fé que ele tinha, Deus Se revelará como o fez então. Quando os homens lutarem com o Senhor como Jacó, ver-se-ão novamente os resultados que se viram então. De Deus virá poder em resposta à oração da fé.

Como a vida de Jesus foi de contínua confiança, sustida por contínua comunhão em Seu serviço para o Céu, Ele não falhou nem vacilou. Diariamente assediado pela tentação, tendo a constante oposição dos guias do povo, Cristo sabia que devia fortalecer Sua humanidade mediante a oração. Para que fosse uma bênção aos homens, precisava comungar com Deus, dEle obtendo energia, perseverança e firmeza.

O Salvador amava a solidão das montanhas para aí comungar com Seu Pai. Durante o dia, trabalhava ativamente para salvar homens da destruição. Curava o enfermo, confortava o triste, ressuscitava o morto, e levava esperança e ânimo ao abatido. Terminado o trabalho do dia, ia, noite após noite, para fora da confusão da cidade e curvava-Se em oração ao Pai. Freqüentemente alongava-Se em Suas súplicas por toda noite, mas voltava desses períodos de comunhão revigorado e refrigerado, preparado para o dever e a provação.

São os ministros de Cristo tentados e cruelmente esbofeteados por Satanás? Assim também o foi Aquele que não conhecia pecado. Na hora da aflição, Ele Se voltava para Seu Pai. Sendo Ele próprio a fonte de bênçãos e força, podia curar os doentes e levantar os mortos; podia dar ordens à tempestade, e ela Lhe obedecia; todavia orava, muitas vezes com grande clamor e lágrimas. Ele orava por Seus discípulos e por Si mesmo, identificando-Se, assim, com as criaturas humanas. Era um poderoso suplicante. Como Príncipe da vida, tinha poder com Deus e prevalecia.

Os pastores que forem verdadeiros representantes de Cristo serão homens de oração. Com um fervor e fé a que se não pode negar, hão de lutar com Deus para que os fortaleça e fortifique para o serviço, e lhes santifique os lábios com um toque da brasa viva, a fim de que saibam falar Suas palavras ao povo.

A oração é o abrir do coração a Deus como a um amigo. Os olhos da fé hão de distinguir a Deus bem próximo, e o suplicante poderá obter preciosa prova do Seu divino amor e cuidado por ele. A oração feita por Natanael saiu de um coração sincero e foi ouvida e atendida pelo Mestre. O Senhor lê o coração de todos, e “a oração dos retos é o Seu contentamento”. Prov. 15:8. Ele não será tardio para ouvir os que Lhe abrem o coração, não exaltando o próprio eu, mas sentindo sinceramente sua fraqueza e indignidade.
Há necessidade de oração, sincera, fervorosa e angustiosa oração, como a que fez Davi quando exclamou: “Como o cervo brama pelas correntes das águas, assim suspira a minha alma por Ti, ó Deus!” Sal. 42:1. “Eis que tenho desejado os Teus preceitos; vivifica-me por Tua justiça. Tenho desejado a Tua salvação.” Sal. 119:40 e 174. “A minha alma está anelante e desfalece pelos átrios do Senhor; o meu coração e a minha carne clamam pelo Deus vivo.” Sal. 84:2.

Os que mais eficazmente ensinam e pregam, são os que humildemente esperam em Deus, e aguardam ansiosamente Sua guia e graça. Vigiar, orar e trabalhar – eis a divisa do cristão. A vida de um verdadeiro cristão, é de oração constante. Ele sabe que a luz e as forças de hoje, não bastam para as provas e conflitos de amanhã. Satanás está continuamente mudando suas tentações. Cada dia seremos colocados em circunstâncias diversas; e, nas novas cenas que nos esperam, ver-nos-emos rodeados de novos perigos, e constantemente assaltados por novas e inesperadas tentações. É unicamente mediante a resistência e a graça obtidas do Céu que podemos esperar fazer frente às tentações, e cumprir os deveres que se acham diante de nós.

Coisa maravilhosa é podermos orar com eficácia; indignos e faltosos mortais possuírem o poder de apresentar a Deus os seus pedidos! Que mais alto poder pode o homem desejar do que este – estar ligado ao infinito Deus? O homem fraco e pecador tem o privilégio de falar a seu Criador. Podemos proferir palavras que cheguem ao trono do Rei do Universo. Podemos falar com Jesus ao caminhar, e Ele diz: Acho-Me à tua mão direita. Sal. 16:8.
Podemos ter comunhão com Deus em nosso coração; andar na companhia de Cristo. Quando empenhados em nossos trabalhos diários, podemos exalar o desejo de nosso coração, de maneira inaudível aos ouvidos humanos; mas essas palavras não amortecerão em silêncio, nem serão perdidas. Coisa alguma pode sufocar o desejo da alma. Ele se ergue acima do burburinho das ruas, acima do barulho das máquinas. É a Deus que estamos falando, e nossa oração é ouvida.

Pedi, portanto; pedi, e recebereis. Pedi humildade, sabedoria, ânimo, maior proporção de fé. A toda oração sincera há de vir a resposta. Talvez não venha exatamente como desejais, ou ao tempo em que a esperais; mas virá pela maneira e na ocasião em que melhor há de satisfazer à vossa necessidade. Às

orações que em particular dirigis, em cansaço, em provação, Deus responde, nem sempre segundo a vossa expectativa, mas sempre para o vosso bem.

A Fé

As maiores vitórias obtidas em favor da causa de Deus, não são o resultado de elaborados argumentos, amplos recursos, vasta influência, ou abundância de meios; elas são alcançadas na câmara de audiência com Deus, quando, com sincera e angustiosa fé, os homens se apegam ao forte braço do poder.

A verdadeira fé, a oração verdadeira, quão fortes são! São como dois braços por meio dos quais o suplicante humano se apodera do poder do infinito Amor. Fé é confiança em Deus – acreditar que Ele nos ama e sabe o que é melhor para nós. Assim, em lugar de nossos próprios caminhos, ela nos leva a preferir os Seus. Em vez de nossa ignorância, aceita Sua sabedoria; em lugar de nossa fraqueza, Sua força; em lugar de nossa pecaminosidade, sua justiça. Nossa vida, nós mesmos, pertence-lhe já; a fé reconhece-lhe o direito de propriedade, e aceita as bênçãos do mesmo. A verdade, a retidão, a pureza, são indicadas como segredos do sucesso da vida. É a fé que nos leva à posse delas. Todo bom impulso ou aspiração é dom de Deus; a fé recebe dEle a vida que, unicamente, pode produzir o verdadeiro crescimento e eficiência.

“E esta é a vitória que vence o mundo: a nossa fé.” I João 5:4. É a fé que nos habilita a ver para além do presente, com seus fardos e cuidados, ao grande porvir em que tudo quanto nos traz agora perplexidade, será esclarecido. A fé vê Cristo posto como nosso Mediador, à destra de Deus. A fé contempla as mansões que Cristo foi preparar para aqueles que O amam. A fé vê as vestes e a coroa preparadas para o vencedor, e escuta o cântico dos remidos.

A fé perfeita, a entrega do próprio eu a Deus, a singela confiança em Sua palavra empenhada, deve constituir uma parte da experiência de todo pastor. Apenas quando possui essa experiência, pode um pastor tornar claro o assunto da fé ao duvidoso e falto de confiança.

Fé não é sentimento. “A fé é o firme fundamento das coisas que se esperam e a prova das coisas que se não vêem.” Heb. 11:1. A verdadeira fé não se acha de maneira alguma aliada à presunção. Somente aquele que tem a verdadeira fé, está seguro contra a presunção, pois esta é a falsa fé de Satanás.

A fé reivindica as promessas de Deus, e produz frutos de obediência. A presunção também reivindica as promessas, mas delas se serve, como fez Satanás, para desculpar a transgressão. A fé teria levado nossos primeiros pais a confiar no amor de Deus, e a obedecer aos Seus mandamentos. A presunção os induziu a transgredir Sua lei, acreditando que Seu grande amor os haveria de salvar das conseqüências do pecado. Não é fé o que roga o favor do Céu sem cumprir as condições sob as quais é assegurada a misericórdia. A fé genuína tem seu fundamento nas promessas e medidas das Escrituras.
Falar acidentalmente de religião, orar sem fome de alma e fé viva, de nada aproveita. Uma fé nominal em Cristo, que O aceita apenas como Salvador do mundo, não poderá nunca trazer cura à alma. A fé que é para salvação não é uma simples aquiescência intelectual com a verdade. O que espera por inteiro conhecimento para que possa exercer a fé, não pode receber bênção de Deus.  Não é bastante crer a respeito de Cristo; precisamos crer nEle. A única fé que nos beneficiará, é a que O abraça como um Salvador pessoal; a que aplica a nós mesmos os Seus méritos. Muitos consideram a fé como uma opinião. Mas a fé salvadora é uma transação, mediante a qual, os que recebem Cristo se ligam em concerto com Deus. A fé genuína é vida. Uma fé viva quer dizer aumento de vigor, uma firme confiança, por meio da qual a alma se torna uma potência vitoriosa.

A fé toma a Deus em Sua palavra, não buscando compreender a significação das difíceis experiências que sobrevêm. Muitos há, porém, que possuem pouca fé. Estão continuamente temendo, e tomando emprestadas aflições. Estão dia a dia cercados de provas de amor de Deus, desfrutam cada dia as bondades de Sua providência; mas passam por alto essas bênçãos. E as dificuldades que encontram, em lugar de os conduzir para Deus, dEle os separam, porque despertam desassossegos e queixumes.
Fazem eles bem em ser assim incrédulos? Jesus é seu amigo. Todo o Céu se acha empenhado em seu bem-estar, e seu temor e queixas ofendem o Espírito Santo. Não é porque vejamos ou sintamos que Deus nos ouve, que devemos crer. Devemos confiar em Suas promessas. Quando chegamos a Ele com fé, devemos crer que toda petição penetra no coração de Cristo. Quando temos pedido Sua bênção, devemos crer que a receberemos, e agradecer-Lhe porque a temos. Entreguemo-nos então aos nossos deveres, certos de que a bênção virá quando mais dela necessitarmos. Quando houvermos aprendido a fazer assim, saberemos que nossas orações são atendidas. Deus fará por nós “muito mais abundantemente” (Efés. 3:20), “segundo as riquezas da Sua glória” (Efés. 3:16), e “a operação da força do Seu poder”. Efés. 1:19.

Muitas vezes a vida cristã é assediada de perigos, e o dever parece difícil de se cumprir. A imaginação pinta uma iminente ruína diante de nós, e atrás, servidão e morte. Todavia a voz de Deus nos diz claramente: Avante! Obedeçamos à ordem, mesmo que nossos olhos não possam penetrar as trevas. Os obstáculos que nos impedem o progresso jamais desaparecerão diante de um espírito vacilante, duvidoso. Aqueles que adiam a obediência para quando desaparecerem as incertezas, e não houver mais riscos de fracasso ou derrota, nunca virão a obedecer. A fé olha para lá das dificuldades, e lança mão do invisível, da própria Onipotência; portanto não pode ser iludida. Ter fé é apoderar-se da mão de Cristo em todas as emergências.

O obreiro de Deus precisa de uma fé robusta. As aparências podem ser adversas; mas na hora mais sombria, a luz brilha além. As forças daqueles que, com fé, amam e servem a Deus, serão renovadas dia a dia. O entendimento do infinito é posto ao seu serviço, a fim de que, cumprindo Seus desígnios, eles não errem. Conservem esses obreiros o princípio de sua confiança firme até ao fim, lembrando que a luz da verdade de Deus tem de brilhar nas trevas que envolvem o mundo.

Não deve haver desânimo em relação com o serviço de Deus. A fé do obreiro consagrado deve suportar qualquer prova que lhe sobrevenha. Deus é capaz, e está desejoso de outorgar a Seus servos toda a força de que eles necessitam, e a sabedoria que suas várias necessidades exigirem. Ele fará mais do que cumprir a mais alta expectativa dos que nEle põem a confiança.

Jesus não nos chama a segui-Lo, para depois nos abandonar. Se consagrarmos a vida a Seu serviço, nunca seremos colocados numa situação para a qual o Senhor não haja tomado providências. Seja qual for nossa situação, temos um Guia para dirigir o caminho; sejam quais forem as perplexidades, temos um infalível Conselheiro; qualquer que seja a dor, a privação ou a solidão, temos um Amigo que sente conosco. Se, em nossa ignorância, damos passos errados, Cristo não nos deixa. Sua voz, clara e distinta, faz-se ouvir, dizendo: “Eu sou o caminho, e a verdade, e a vida.” João 14:6. “Porque Ele livrará ao necessitado quando clamar, como também ao aflito e ao que não tem quem o ajude.” Sal. 72:12.
“Tu conservarás em paz aquele cuja mente está firme em Ti; porque ele confia em Ti.” Isa. 26:3. O braço da Onipotência está estendido para nos levar avante, e sempre avante. Avançai, diz o Senhor; Eu vos enviarei auxílio. É para glória de Meu nome que pedis; e haveis de receber. Os que estão espreitando a ver vossa derrota, hão de ver ainda Minha palavra triunfar gloriosamente. “Tudo o que pedirdes na oração, crendo, o recebereis.” Mat. 21:22.

Deus nunca deixa o mundo sem homens capazes de discerni

r entre o bem e o mal, a justiça e a injustiça. Ele tem homens designados para se porem à frente da batalha nos tempos de emergência.

Ânimo

Os servos de Deus não devem ficar facilmente desanimados por dificuldades ou oposições. Os que proclamam a mensagem do terceiro anjo devem ficar corajosamente em seu posto, a despeito de difamações e mentiras, combatendo o bom combate da fé, e resistindo ao inimigo com a arma que Cristo empregou: “Está escrito.” Na grande crise por que terão em breve de passar, os servos de Deus terão de enfrentar a mesma dureza de coração, a mesma resolução cruel, o mesmo ódio tenaz enfrentado por Cristo e os apóstolos.

Todos quantos naquele dia mau quiserem servir a Deus segundo os ditames de sua consciência, necessitarão de coragem, firmeza, e conhecimento de Deus e de Sua Palavra; pois os que são fiéis a Deus hão de ser perseguidos, seus motivos impugnados, seus melhores esforços mal-interpretados, e seus nomes rejeitados como um mal.

Satanás há de operar com seu poder enganador, para influenciar o coração e obscurecer o entendimento, a fim de fazer com que o mal pareça bem, e o bem, mal. Quanto mais forte e pura for a fé do povo de Deus, e mais firme sua resolução de obedecer-Lhe, tanto mais cruelmente há de Satanás se esforçar por incitar contra eles a fúria dos que, ao passo que pretendem ser justos, pisam a lei de Deus. Serão precisos a mais firme confiança, o mais heróico propósito para se apegar firmemente à fé uma vez entregue aos santos.

Os mensageiros da cruz se devem armar de vigilância e oração, e avançar com fé e coragem, operando sempre no nome de Jesus. Devem ter confiança em seu Guia; pois tempos tumultuosos se acham diante de nós. Os juízos de Deus se acham espalhados na Terra. As calamidades se seguem umas às outras em rápida sucessão. Em breve Deus Se erguerá de Seu lugar para sacudir terrivelmente a Terra, e punir os ímpios por sua iniqüidade. Então Ele Se levantará em favor de Seu povo, e lhes dará Seu protetor cuidado. Envolvê-los-á nos braços eternos, para os proteger de todo mal.

Havendo passado o tempo, em 1844, uma porção de irmãos e irmãs se achavam juntos numa reunião. Todos estavam muito tristes, pois a decepção fora dolorosa. Eis que entra um homem, exclamando: “Ânimo no Senhor, irmãos; ânimo no Senhor!” Isso ele repetiu uma e várias vezes, até que todos os rostos se iluminaram, e todas as vozes se ergueram em louvor a Deus.

Hoje eu digo a todo obreiro do Mestre: “Ânimo no Senhor!” Sempre, desde 1844, tenho estado a proclamar a verdade presente, e atualmente essa verdade me é mais cara do que nunca.

Alguns olham sempre ao lado objetável e desanimador, e portanto, deles se apodera o desânimo. Esquecem que o universo celeste espera por torná-los instrumentos de bênção para o mundo; e que o Senhor Jesus é um tesouro inesgotável, do qual as criaturas humanas podem tirar força e coragem. Não há necessidade de desânimo e apreensão. Nunca virá o tempo em que a sombra de Satanás não se atravesse em nosso caminho. Assim procura o inimigo ocultar a luz que irradia do Sol da Justiça. Nossa fé, porém, deve penetrar essa sombra.

Deus pede obreiros determinados, que se recusem a desanimar e abater por agentes contrários. O Senhor nos está guiando, e podemos marchar avante corajosamente, seguros de que Ele há de estar conosco, como esteve nos anos passados, quando trabalhávamos em fraqueza, mas sob o poder do Espírito Santo.

Anjos serviram a Cristo, mas a presença dos mesmos não tornou Sua vida fácil e isenta de tentações. Ele “como nós, em tudo foi tentado, mas sem pecado”. Heb. 4:15. Se os pastores, enquanto ocupados na obra que o Mestre lhes designou, têm provas, perplexidades e tentações, deveriam desanimar? Deveriam rejeitar sua confiança, porque seus esforços nem sempre trazem os resultados que eles tanto desejam ver? Os verdadeiros obreiros não desanimarão em vista da obra que jaz perante eles, por mais árdua que seja. Recuar diante da fadiga, queixar-se sob a tribulação, faz o servo de Deus fraco e ineficiente.
Ao verem os que se acham na frente da batalha, que o fogo de Satanás se dirige especialmente contra eles, compreenderão sua necessidade de forças vindas de Deus, e trabalharão nessas forças. As vitórias que obtêm, não os exaltam, mas fazem-nos firmar-se mais seguramente no Poderoso. Profunda e fervorosa gratidão para com Deus lhes brotará do coração, e terão prazer nas tribulações que lhes sobrevierem sob o ataque do inimigo.

O tempo presente é um período de solene privilégio e sagrada confiança. Se os servos de Deus guardarem fielmente o depósito que lhes é confiado, grande será sua recompensa, quando o Mestre disser: “Presta contas da tua mordomia.” Luc. 16:2. A ativa lida, a obra desinteressada, o esforço paciente e perseverante, serão abundantemente galardoados. Jesus dirá: “Já vos não chamarei servos, … mas tenho-vos chamado amigos.” João 15:15. A aprovação do Mestre não é dada por causa da grandeza da obra realizada, mas em virtude da fidelidade em tudo quanto foi feito. Não é o resultado que atingimos, mas os motivos por que procedemos, que têm valor para com Deus. Ele preza a bondade e a fidelidade acima de tudo mais.

Suplico aos arautos do evangelho de Cristo que nunca fiquem desanimados, nunca olhem o mais endurecido pecador como estando além do alcance da graça de Deus. Aquele que, aparentemente, é caso perdido, pode aceitar a verdade com amor. Aquele que muda o coração dos homens como se mudam os rios, pode trazer a Cristo a alma mais egoísta e endurecida pelo pecado. É alguma coisa demasiado difícil para Deus? “A palavra que sair da Minha boca”, declara Ele, “não voltará para Mim vazia; antes, fará o que Me apraz e prosperará naquilo para que a enviei.” Isa. 55:11.
Os que se estão esforçando por estabelecer a obra em novo território, encontrar-se-ão muitas vezes em grande necessidade de melhores instalações. Seu trabalho parecerá ser impedido por falta das mesmas; não percam, entretanto, a fé e o ânimo. Muitas vezes são forçados a ir ao extremo dos recursos de que dispõem. Por vezes talvez pareça como se não pudessem avançar mais. Mas, se oram e trabalham com fé, Deus há de atender-lhes as petições, enviando-lhes meios para a divulgação da obra. Erguer-se-ão dificuldades; eles cogitarão como hão de fazer o que precisa ser feito. Por vezes o futuro parecerá muito sombrio. Apresentem, porém, os obreiros a Deus as promessas que Ele fez, e dêem-Lhe graças pelo que tem feito. Então o caminho se há de abrir diante deles, e serão fortalecidos para o dever do momento.

Poucos consideram o significado das palavras de Lucas, quando diz que Paulo, vendo seus irmãos “deu graças a Deus e tomou ânimo”. Atos 28:15. No meio do simpatizante e lacrimoso grupo de crentes, os quais não se envergonhavam de suas cadeias, o apóstolo louvou a Deus em voz alta. A nuvem de tristeza que lhe estava sobre o espírito se dissipara. Sua vida cristã tinha sido uma sucessão de sofrimentos, desapontamentos e provações, mas neste momento ele se sentia abundantemente recompensado. Com passos mais firmes e o coração repleto de alegria, ele continuou seu caminho. Não podia queixar-se do passado nem temer o futuro. Cadeias e aflições o esperavam, disto ele sabia; mas sabia também que lhe coubera libertar almas de um cativeiro infinitamente mais terrível, e se rejubilava em seus sofrimentos por amor de Cristo.  Atos dos Apóstolos, pág. 449.

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