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CRÔNICAS//I Crônicas 1-3

Bom dia, tudo bem? Hoje estamos começando um novo mês e um novo livro. Você já reparou que desde o início do ano já lemos 12 livros da Bíblia? Crônicas, assim como Samuel e Reis, foi dividido em 2 livros pelos tradutores da Septuaginta, entre o 3º e o 1º séculos a.C. Daí, passamos a ter I e II Crônicas

Estamos começando a ler um livro que recapitula muito do que já vimos, por isso é importante fazer uma contextualização para entendermos o que vamos ler. Então, esse comentário de hoje será um pouco mais longo do que de costume. Preparado? Vamos lá!

Crônicas foi escrito entre o ano 500 e 450 a.C, depois do exílio. Conforme a antiga tradição judaica, foi o profeta Esdras, mas ainda não ha comprovação histórica sobre disso. Cerca de metade dessa obra foi retirada de Samuel e de Reis, mas também há extratos do Pentateuco, de Juízes, de Rute, de Salmos, de Isaías, de Jeremias, de lamentações e de Zacarias. Ou seja, é uma compilação, com alguns acréscimos.

Muito do que vamos ler fala sobre genealogias, sobre o reinado de Davi e de Salomão. Tá, mas por que ler uma coisa que repete o que já foi dito? Veremos um outro enfoque. É como os livros de Mateus, Marcos e Lucas, os evangelhos sinóticos. Contam basicamente a mesma história, mas com outra visão

/ O público-alvo desse livro são os judeus que viviam depois do exílio e o objetivo de Crônicas é responder para eles algumas perguntas interessantes, como: a) Ficamos exilados por tanto tempo. Deus ainda se importa conosco? b) O que sobrou para nós, depois de tanto desalento? c) As promessas de Deus ainda valem para nós?

Perguntas, essas, que nós fazemos atualmente, não é? Então, caro leitor, você também pode considerar que Crônicas foi escrito para você saber aonde está pisando e com Quem está lidando.

Os primeiros capítulos de I Crônicas são densos, recheados com uma lista infidável de nomes. São as genealogias, temidas por muita gente. Mas não se assuste, pois vamos analisar juntos alguns detalhes que nos ajudarão a entender melhor algumas atitudes e recomendações de Deus. Vamos começar, então?

Tudo começa do começo, com Adão e se estende pelos próximos 2000 anos. Isso mesmo. Começamos a ler Adão e terminamos com a 3ª geração depois de Zorobabel. Ou seja, é um resumão. E por que isso? Porque as pessoas precisavam saber qual a origem delas. Elas precisavam identificar-se com a história. Precisavam recuperar o passado, para terem uma visão nova de futuro, depois do exílio.

Algumas coisas chamam atenção. Por exemplo, não é descrita a descendência de Caim. Por que? Porque todos morreram no dilúvio, lembra? Noé era do tronco de Sete, o filho que Eva teve após a morte de Abel

Cam foi o filho que viu Noé embriagado e que expôs a nudez do pai, ao invés de cobrí-lo logo. Dele, nasceram alguns inimigos dos semitas, descentendes de Sem, irmão de Cam. A saber, os egípcios (descentes de Mizraim, na versão ARA), os cananitas, os filisteus, os sidônios, os heteus, os jebuseus, os amorreus, os girgaseus, os heveus, etc. Lembra que Deus expulsou todos eles e recomendou que os israelitas não fizessem acordo nem se casassem com as filhas deles? Interessante isso, né?

Outra coisa interessante está nos descendentes de Abraão. Os ismaelitas compraram José como escravo. Ismael foi o filho de Abrão com Hagar, antes de Isaque nascer. E José era bisneto de Abraão, filho de Jacó. Os midianitas nasceram da descendência de Abraão, depois que Sara morreu. E foi lá em Midiã que Moisés casou-se com a filha de Jetro, sacerdote midianita.

Dos filhos de Isaque, Esaú trocou a primogenitura por uma sopa de lentilhas, por isso ficou conhecido como Edom (Gen 25:30). Dele saiu os amalequitas, cujo povo Deus mandou Saul destruir completamente. Naquela ocasião, Saul desobedeceu, trazendo os despojos para sacrificar ao Senhor. Foi aí que ele perdeu o trono.

Está vendo? Estudar as genealogias nos ajudam a entender um pouco mais a história. Seguindo bem adiante, podemos notar que os últimos reis de Judá foram relacionados com seus nomes já modificados. E Joaquim, o rei que se entregou, ficou preso 37 anos e depois foi honrado, tem seu nome como ancestral de Zorobabel, que teve um papel muito importante na reconstrução do Templo

Bem, vou ficando por aqui, para não ficar mais cansativo. A lição que tiramos da leitura de hoje, aparentemente sem sentido nenhum, é que precisamos saber de onde viemos, para saber para onde, naturalmente vamos. Como lemos nos livros de Reis, naturalmente vamos nos afastar de Deus. Sabendo quem foram nossos antepassados e o que eles fizeram, podemos vigiar para acertar

E, nesse caso, acertar significa escolher o Deus Criador, que tem toda a genealogia nas Mãos, que desejava que fôssemos descendentes do Adão perfeito. Mas que por extremo amor, nos aceita como descendentes de Jacó: vacilantes, imperfeitos, medrosos, mas com tanta vontade de sermos salvos a ponto de dizermos ao próprio Deus: “não te deixarei ir, se o Senhor não me abençoar”.

Fique com Deus.

Vinicius Assef

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