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Duas Cidades

 

Embora ambas as cidades louvassem a Deus, a governada por Carlos era muito maior e de mais forte economia do que a cidade do governador Magno. Até a época, os antigos templos das duas cidades eram pequenos e bem parecidos… Até o dia em que Carlos visitou Magno trazendo uma notícia:

– Magno, pude acumular muita riqueza em meu governo; E agora chegou a hora de utilizá-la: vou construir uma gigantesca catedral, o maior templo de adoração a Deus que o mundo já viu!

– Que boa notícia me trazes… Quer dizer que aumentará seu templo? Já era hora, a população de sua cidade cresce vertiginosamente; Logo não iriam caber todos naquele pequeno templo.

– Magno, parece-me que você não entendeu ou não quer admitir: eu vou construir um edifício tão grande e valioso que todos os adoradores das imediações, inclusive os de sua cidade, migrarão para o meu governo.

– Ora, de que adianta uma cidade lotada?

– A resposta é clara: poderei me tornar mais rico se cobrar uma moeda a cada um que quiser entrar em minha catedral.

Tendo dito isso, o governador Carlos retornou imediatamente a sua cidade e iniciou as construções da catedral…

Décadas depois, a majestosa catedral estava pronta. Logo se tornou uma das maravilhas do mundo, e a cidade cresceu, cresceu, cresceu… O governador Carlos era um homem tão rico que muitos achavam que ele veio dos céus.

E a cidade de Magno continuava a perder mais habitantes com o tempo, seduzidos pelo brilho e poder da catedral vizinha. Os conselheiros de Magno estavam desesperados:

– Meu senhor, nossa cidade decresce a cada dia… é preciso que construamos também uma catedral de porte como a de Carlos para podermos atrair os cidadãos!

– Porque me dizes isso? Há espaço suficiente em nosso templo para o dobro de nossos habitantes adorarem a Deus…

– Sim, meu senhor. Só que esqueces que nosso templo é antigo, e não contêm ouro, nem mármore fino, nem vitrais trabalhados… é preciso que gastemos nossas moedas para aprimorá-lo.

– Pois é preferível adorar verdadeiramente a Deus com uma moda do que adorá-lo aos poucos com uma fortuna! Eu confio em Deus, e se ele diz que a minha cidade deve desaparecer do mapa e a de Carlos deve tornar-se um reino, que seja… Mas não trairei a Deus em meu benefício.

Tendo ouvido isso, os conselheiros desistiram de falar a Magno e ele foi até taxado de louco…

Mas isso foi só até o dia da cidade de Carlos ser invadida por povos bárbaros, sendo violentamente saqueada e queimada até as cinzas. Os refugiados logo correram para o governo de Magno. O interessante é que depois ficou-se sabendo que os bárbaros passaram primeiro pela cidade de Magno… Eles só não a saquearam porque não viram nela muita riqueza.

“Este povo se aproxima de  mim com a sua boca e me honra com os seus lábios, mas o seu coração está longe de mim.” Mateus 15:8

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