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OTIMISMO

 

O nosso mundo atravessa uma fase difícil, problemas econômicos, desemprego, inflação excessiva, decadência moral dentro e fora da Igreja, envolvimento com tóxicos, violência por toda parte, medo dos ladrões, etc., etc., trazendo sofrimentos reais e imaginários à nossa sociedade. Diante desta situação difícil, muitas pessoas se tornam pessimistas, concluindo que não vale mais a pena viver, por isso creio ser oportuno tratar de um assunto, que visa a exaltar um dos valores morais do homem, de que tanto necessitamos, neste mundo conturbado – o otimismo.

Embora o otimismo seja uma virtude, o seu exagero pode mostrar-se contraproducente, como o otimismo absoluto de Leibnitz, que declarava: “tudo anda pelo melhor, no melhor dos mundos possíveis”. Esta atitude pode ser mais prejudicial do que qualquer tipo de pessimismo, porque se tudo corre às mil maravilhas, podemos cruzar os braços diante da miséria e sofrimento que afligem o nosso próximo. Outra faceta prejudicial deste otimismo se encontra no ufanismo de alguns patriotas que exageram o tamanho e o valor das nossas coisas, dando uma impressão distorcida da nossa realidade, como fez Afonso Celso, com seu livro Porque me Ufano do meu Pais, apresentando nossa pátria como a melhor do mundo.

Evidentemente não é este otimismo estéril e nocivo que quero apresentar neste artigo, mas sim aquele que olha para o lado bom e róseo das coisas, que mesmo não sendo as melhores, delas podemos aprender lições úteis.

Toda a existência humana oferece altos e baixos. Pensar que haja gente que não sofra e não tenha agruras e dissabores é utopia. Todos nós, na trajetória da vida, temos dias de sol e dias de chuva. O que é preciso é saber enfrentar as dificuldades com ânimo forte.

Pessoas há, porém, que quase sempre se manifestam razoavelmente contentes com a existência, apesar dos transes aos quais são submetidas, enquanto outras, mais bem aquinhoadas em vários sentidos, não aceitam as circunstâncias desfavoráveis e se queixam a todo propósito, ou repetidamente se lastimam.

Não obstante, a satisfação de viver, tem muito que ver com as condições intrínsecas ou o temperamento de cada um; a força de vontade, a disposição de lutar para pensar positivamente, muito contribuirá para vermos a vida por um prisma mais construtivo.

A pessoa otimista já demonstra no rosto a têmpera de que é feita. Está contente com tudo e com todos. Não há nada que a moleste, nem quando entra aos empurrões no ônibus do Jardim das Rosas, ou vem em pé, apertada, durante uma hora e meia do Anhangabaú ao I.A.E., sentindo o odor de pessoas, que não são muito amigas do asseio pessoal. Não defendo que esta situação seja agradável, mas sim, quando precisamos enfrentá-la, é melhor fazer com boa disposição de ânimo, sem murmurações.

O otimista atrai como o ímã, distribui alegria e felicidade, como o sol irradia luz, calor e vida. Está sempre alegre e sorridente.

Ao conversar com um otimista ele nos dirá e nos provará que na vida há sempre um lado escuro e um brilhante; a escolha vai depender de nós. Num dos lados se acha a desolação, o desânimo; no outro, o entusiasmo, a felicidade e a paz. Até a enfermidade ou a doença tem o seu lado favorável e brilhante: mostra o valor da saúde, pela qual devemos zelar com todo o carinho; ela nos proporciona mais tempo para a meditação e comunhão com Deus; desenvolve os laços de solidariedade humana.

Ao redigir este artigo, estou jungido ao leito, vítima de um atropelamento, mas as manifestações de simpatia recebidas de colegas, estudantes, amigos e familiares me deram incentivo e motivos para louvar a Deus. As angústias morais, que todos as temos, as tristezas, as desilusões, devem ser para nós experiências, degraus para a ascensão na escala do aperfeiçoamento do caráter.

O otimista e o pessimista encaram as coisas por prismas diferentes, como por exemplo:

Para o pessimista o sol só serve a fim de fazer sombras ou causticar-nos quando é muito quente.

A chuva só serve para nos aborrecer, molhar-nos, fazer lama, atrapalhar os nossos planos diários.

As frutas têm cascas e caroços para irritar a paciência humana.

As roseiras possuem espinhos para nos ferir.

O otimista já é diferente na sua visão.

O sol é lindo e a fonte da vida para as plantas e nós. Como são tristes os dias quando ele não aparece.

A chuva é uma bênção divina para encher os mananciais e para fazer a terra produzir em abundância.

Que sabor e que préstimo têm as frutas bem protegidas pelas cascas e contendo, ademais, em seu bojo o germe de novas frutas para perpetuá-las.

E que maravilha existirem entre os perigosos espinhos das roseiras, flores viçosas com perfume tão agradável.

 

Dignificantes Exemplos de Otimismo

 

1º) Dizem que Sydney Smith era muito doente, mas escrevendo a um amigo ele declarou: “Tenho gota, asma e sete doenças mais, todavia fora disto, estou bem”. Uma pessoa que pode escrever isto, tem uma personalidade que nos transmite úteis lições.

2º) Quando estudante no Curso Clássico, em 1944, recebi como prêmio num concurso de redações, o livro Adele Kamm, oferecido pela professora Albertina Simon. Adele Kamm, de cuja história jamais me esquecerei: foi uma jovem suíça, bonita e inteligente, que mais ou menos aos 18 anos foi acometida de tuberculose; vindo a falecer 7 anos depois. Durante toda a sua enfermidade, mas especialmente nos últimos meses de vida, enfrentando dores as mais atrozes, nunca teve uma palavra de desânimo, de infelicidade, de desconfiança na proteção divina. Sentia-se sempre feliz e otimista, animando todos os que a visitavam e que com ela mantinham correspondência.

Quero apenas destacar algumas de suas últimas declarações, que nos incentivam a ver a vida pelo lado belo e construtivo:

“Ainda neste caso, devemos confiar e dizer a nós mesmos que a vida tem um fim nobre e belo, quando pode ser consagrada ao serviço do bem”. Pág. 189.

“Se me interrogassem a respeito do objeto de minha maior felicidade, eu o indicaria: a confiança. Confiança em Deus, confiança na humanidade…” Pág. 212.

Numa das cartas finais ela dizia a uma amiga:

“Se você pudesse ver o meu quarto e a sua Adele, perguntaria se, de fato, estou doente. Nada aqui fala de doença; tudo é róseo, alegre e florido e, não obstante estar mais magra, sou sempre a mesma”. Pág. 219.

3º.) Conta-nos uma história, que certo mestre da antigüidade, exemplar em todo o seu procedimento, caminhava com seus discípulos por certo sítio, quando de súbito, se defrontam com um cão morto e já em adiantado estado de putrefação. Voltando o rosto e contrafeitos os discípulos querem afastar-se rapidamente, mas o seu líder pára e fixando  o animal mostra a alvura e a beleza dos seus dentes. Sublime lição de otimismo! Quanto dente alvo e belo há nos quadros desagradáveis que o mundo nos apresenta, mas que nós não percebemos por faltar-nos a capacidade de ver o lado positivo das coisas. O pior criminoso pode iniciar o caminho da regeneração, com uma palavra de bondade nossa.

4.º) É conhecida a lenda do rei, que apesar de não lhe falta nada, sentia-se muito infeliz. Alguém lhe disse que para ser feliz devia vestir a camisa de um de seus súditos, que fosse verdadeiramente feliz. Seus servos saem pelo império à procura deste homem, mas não foi fácil encontrá-lo, porque a todos faltava alguma coisa para a completa felicidade. Já regressavam desiludidos, quando ao passar por certo caminho, ouviram um canto no meio da mata. Aproximaram-se dele, e eis um moço com a enxada na mão, cuidando de suas plantas. Ao perguntarem se era verdadeiramente feliz, todas as suas respostas foram afirmativas. Estava feliz com o que possuía e animado para prosseguir na luta. Apresentaram-lhe então o pedido, de ceder a sua camisa para que o rei a vestisse

. Agora vem a grande surpresa, ele não possuía camisa.

Este trabalhador é o exemplo supremo do otimismo, porque num meio limitado e deficiente triunfara contra o aspecto mau das coisas e alegremente cantava.

O rei é o símbolo do pessimista, pois bafejado por tantos bens materiais, cortejado por todos os súditos, era infeliz, porque encarava a vida por um prisma negativo.

 

O Valor do Otimismo

 

O otimismo é uma força no mundo, estimulando o progresso, a coragem, a confiança em Deus e no próximo. É uma sublime virtude que precisa ser cultivada entre nós, mas especialmente entre os jovens.

Marden, em seu conhecido livro sobre este tema, relata-nos a história de dois irmãos que trabalhavam no mesmo campo de cultura. Um pessimista, desanimado, suspirava cheio de aborrecimento. O outro transmitindo otimismo e entusiasmo dizia. Que é isso? Não desanime. Quando acabarmos estes dois regos e fizermos mais dezoito teremos o campo todo preparado para o plantio.

Não crê o prezado leitor, que nestes dias tumultuosos em que vivemos, há acentuada necessidade de um otimismo equilibrado e cristão, para enfrentar a onda avolumante do desânimo que campeia por toda a parte?

Como cristãos, mesmo num mundo mau e adverso, o nosso Mestre espera que cultivemos esta bela virtude para nosso beneficio, do nosso próximo e para honra e glória do seu nome.

Os dois relatos seguintes, são páginas proveitosas que podem ajudá-lo a sempre pensar mais positivamente.

 

Confiança em Si Mesmo

Por Quê?

 

Wellington Armanelli

 

Se não gostas de ti,

quem irá gostar?

Se não te orgulhas do que fazes,

quem se orgulhará?

Se não tens respeito por tuas ações,

quem haverá de ter?

Se não sentes admiração por teus empreendimentos,

quem irá sentir?

Se não dás crédito às tuas decisões,

quem poderá nelas acreditar?

Se não te alegras com a vida que tens,

quem vai alegrar-se com ela?

Se és capaz de enganar a ti mesmo,

a quem não enganarás?

Se ainda não aprendeste o verbo compreender,

como pretendes conjugar o verbo amar?

Se colocas fel nas mais puras emoções,

por que te revoltas de levar uma existência amarga?

Se destróis todas as estradas que te trazem afeto,

por que lamentas a solidão em que vives?

Se não cuidas da tua lavoura de simpatias,

por que estranhas não colher viçosas amizades?

Se teimas em plantar mal e tristezas,

por que te surpreendes quando germinam decepções?

Se consentes que a inveja, o rancor e a maledicência dominem teu coração,

por que não haverias de sofrer no inferno da desconfiança?

Se persistes em viver dentro do ontem,

por que não hás de temer o amanhã?

Se oscilas entre o passado e o futuro,

como podes desfrutar bem o presente?

Se não te dispões a perdoar as faltas alheias,

com que direito esperas perdão das tuas?

Se nunca te decides a partir,

por que anseias tanto em chegar?

Se não tens fé, nem sonhas, nem te empolgas,

por que acusar o mundo de ser árido, frio e sem bondade?

Por quê?…

 

O Credo do Otimista

Cristiano D. Larson

 

Prometa a si mesmo

Ser tão forte que coisa alguma lhe perturbe a paz de espírito.

Falar de saúde, felicidade e prosperidade a toda a pessoa com quem se encontrar.

Fazer todos os seus amigos sentirem que têm em si mesmos alguma coisa.

Olhar ao lado bom de tudo, e tornar verdadeiro o seu otimismo.

Pensar apenas no melhor e esperar somente o melhor.

Ser tão entusiasta quanto ao êxito dos outros, quanto o é acerca do seu próprio.

Esquecer os erros do passado e avançar para maiores consecuções no futuro.

Apresentar um semblante animado em todos os tempos, e dar a toda  criatura um sorriso.

Dar tanto tempo ao seu próprio aperfeiçoamento, que não tenha tempo de criticar os outros.

Ser demasiado grande para ficar ansioso, demasiado nobre para dar lugar à zanga, demasiado forte para nutrir o temor, e demasiado feliz para permitir a presença da perturbação.

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