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CORAGEM

 

Davi antes de falecer, deu várias instruções a seu filho Salomão, e entre estas se encontra a seguinte: “Eu vou pelo caminho de todos os mortais. Coragem, pois, e sê homem!” I Reis 2: 2.

Vivemos em uma sociedade caracterizada pelo medo. O homem moderno vive uma existência torturada sob a pressão do medo. Comentando esta verdade o famoso filósofo inglês – Bertrand Russel – assim se expressou: “O tempo presente caracteriza-se pelo prevalecimento de uma constante intuição de medo”.

Os psicólogos afirmam: Quem assevera que nunca sentiu medo, não sabe o que está dizendo, pois todos têm medo de alguém, de alguma coisa ou de circunstâncias perigosas ou desfavoráveis. Os entendidos em compreender este labirinto, que é a personalidade humana, afirmam que os seis principais medos (notem que eu disse seis principais, pois eles são inumeráveis) que assediam o ser humano são: medo da pobreza, medo da morte, medo da doença, medo de perder o amor de alguém, medo da velhice e medo da crítica.

Em Recife morreu um senhor, mas antes de falecer, pedira que escrevessem em sua sepultura a seguinte frase: “Aqui jaz um homem que nunca teve medo”. Conhecedores desta frase, um grupo de estudantes, certo dia se dirigiu ao cemitério com uma faixa, colocando-a sobre o seu túmulo, com as seguintes palavras: “É porque nunca prestou exame”.

Seria o medo sempre prejudicial, ou ele poder-nos-á também ser benéfico? O medo pode ser classificado em normal e anormal. O medo normal é nosso amigo. É uma emoção colocada dentro de nós pelo Criador para a nossa proteção. Ele nos faz ser cautelosos, moderados e a usarmos o bom senso para que a nossa vida não corra perigo constante. Pensemos na pessoa que vai longe no mar enfrentando as ondas revoltas. O jovem afoito que não teme o perigo do excesso de velocidade, muitas vezes, termina seus dias de maneira trágica e inglória.  Os corajosos que tentam enfrentar os ladrões, quase sempre pagam um preço elevado por seu arrojo.

Por outro lado, o medo anormal é algo muito diferente, estudado com muita eficiência pelos  entendidos no capítulo das fobias.

Ilustremos com um caso prático a diferença entre um medo normal e outro anormal, que também pode ser chamado de mórbido, doentio. Se uma pessoa, no meio da selva africana, estiver atormentada com a existência de cobras, esse medo é normal, porque nesse lugar existem cobras. Mas, se um nosso amigo, repentinamente, começa a sentir medo de cobras, que ele afirma estarem debaixo da cama, em pleno centro da cidade, esse medo é neurótico, anormal, pois temos certeza de que ali não pode haver cobras.

Norman Vincent Peale nos aconselha o seguinte: para livrar-nos do medo devemos ler o Salmo 23, talvez o mais belo poema que já foi escrito. Especialmente o verso 4: “Não temerei mal algum, porque tu estás comigo”. Davi declara, que o modo mais seguro de livrar-nos do medo, é viver na constante certeza de que Deus está conosco.

O medo pode ser definido, como a falta de confiança no poder de Deus.

Em uma de suas poesias Olavo Bilac escreveu:

O medo é próprio do pérfido,

Do pecador, do malvado:

Quem não se entrega ao pecado

Não receia a punição.

Não tem medo quem caminha

Com a consciência tranqüila,

Quem o inimigo aniquila,

Com a força da razão!

 

Exemplos Bíblicos de Pessoas de Coragem

 

1) Abraão, confiando em Deus, não temeu ir até o monte Moriá, para sacrificar seu próprio filho.

2) Moisés corajosamente enfrenta o rei do Egito; vencendo obstáculos e situações precárias, consegue guiar aquele numeroso povo, durante quarenta anos. Suas últimas palavras a Josué e ao povo são de ânimo e incentivo. Deut. 31:7-8.

3) Josué e Calebe destacaram-se dentre os 12 espias pela sua bravura. Enquanto os outros estavam amedrontados, as palavras de Calebe revelam sua intrepidez: “Eia! subamos, e possuamos a terra, porque certamente prevaleceremos contra ela”. Num. 13:30. Era preciso coragem para dizer estas palavras.

4) A Rainha Ester

Não foi fácil enfrentar a trama criada por Amã.

Ela possuía plena consciência, de que se o rei não lhe apontasse o cetro, a sua sorte seria a morte, mas em sua corajosa decisão declarou: “Irei e perecendo pereço”.

Graças à intervenção desta jovem intimorata, o povo judeu foi salvo.

5) A resposta dada por Sadraque, Mesaque e Abede-Nego ao rei Nabucodonosor, é uma confirmação da grande coragem que possuíam.

Só a confiança em Deus é que lhes deu esta força.

Pessoas temerosas e covardes, não podem dar a resposta que eles deram ao monarca prepotente, e relatada em Daniel 3:16-18.

6) Um dos exemplos bíblicos mais dignificantes, do cultivo desta virtude cristã, é o de Neemias.

Os inimigos conspiraram para intimidá-lo. Fizeram tudo para que ele desistisse de seu nobre intento, reconstruir os muros de Jerusalém, mas este servo de Deus, com decisão inabalável, prosseguiu sem desfalecimentos.

A sua coragem é especialmente relatada em Neemias 6:11: “Homem como eu fugiria?” Quantas vezes temos nós fugido ao dever e á responsabilidade por temer as circunstâncias?

Dante, o grande poeta italiano, na sua Divina Comédia, ao percorrer os domínios do inferno, em companhia de Virgílio, encontrou logo na entrada um lugar cheio de almas que, em diversas línguas clamavam e se lamentavam. Impressionado com isso, pergunta ao guia quem eram. São, responde este, as almas daqueles que viveram sem infâmia e sem louvor. Nunca fizeram ações más, mas também em seu crédito, não havia uma parcela apenas de bem. Apáticos e indiferentes nunca tiveram coragem de praticar uma boa ação. Ficaram sempre neutros. Nem frios nem quentes. Merecem pois o inferno.

Este fato, embora mitológico, portanto inverídico, encerra grande verdade, pois é símbolo de uma classe ainda numerosa hoje, não fazendo o mal nem o bem.

Tiago condena esta classe com as seguintes palavras: “Portanto, aquele que sabe que deve fazer o bem e não faz, nisso está pecando”. Tiago 4: 17.

7) O profeta Ageu é conhecido como o homem de coragem.

“As quatro mensagens que constituem o livro de Ageu tiveram por propósito reanimar o espírito abatido do povo, inspirá-los com a vontade de realizar grandes coisas para Deus”. S.D.A.B.C. Vol. 4, pág. 1074.

8) Pedro.

Este apóstolo, que por covardia negara o mestre, posteriormente, apresenta notável transformação. A mudança nele operada é bem evidente da declaração de Atos 4:13, 29. Lucas declara que o povo se admirava da intrepidez de Pedro.

9) Paulo, o incansável paladino do evangelho, é um exemplo de sublime heroicidade e valentia cristãs.

10) Além destes exemplos bíblicos e de muitos outros que poderiam ser citados, quero citar o exemplo da figura máxima da Reforma – Lutero. Se alguém já mereceu, com justeza, o título de destemido filho de Deus, este foi Lutero.

P

recisava coragem para afixar as 95 proposições, na porta do castelo de Witenberg, condenando a mercantilização das indulgências. O papa Leão X numa bula o excomungou, concedendo-lhe 60 dias para retratar-se. Na Universidade, perante mestres e estudantes, queima a bula, lamentando não poder queimar o próprio papa.

O conhecido pastor Richards – decano dos oradores da Voz da Profecia, afirmou o seguinte: “A presunção e o orgulho são as únicas coisas para serem temidas, fora disso o temor é covardia”.

O visitante da Abadia de Westminster, vê muitos monumentos a grandes homens, porém, nenhum tributo mais nobre do que a inspiração do monumento a Lord Lawrence, simplesmente seu nome, a data de sua morte e estas palavras: “Ele temeu pouco os homens porque temeu muito a Deus”.

Conclusão lógica: Quanto menos tememos a Deus, mais temeremos os homens.

Quando o medo assaltar-nos, devemos pensar nas palavras de Davi, encontradas no Salmo 56:3: “Em me vindo o temor, hei de confiar em ti”.

São a insegurança e a incerteza que trazem o medo.

 

Pensamentos Úteis

 

“Não nascemos fortes, tornamo-nos fortes. Por atos repetidos, por pequenas vitórias, por sacrifícios reiterados, chegamos a ter um grande coração e uma grande coragem.” Ponlevoy

O que perdeu a riqueza, nada perdeu;

O que perdeu a saúde, perdeu algo;

O que perdeu a coragem, perdeu tudo.”

Mauriac

Senhor, dai-nos coragem.

Coragem para empreender e perseverar sem temeridade.

Coragem da iniciativa e da disciplina.

Coragem da continuidade e da adaptação constante.

Coragem de permanecer só e de recomeçar sempre com os que se apresentam.

Coragem de não nos irritarmos, apesar dos abandonos, e de conservarmos o controle de nós mesmos.

Coragem de achar tempo suficiente para contemplar e orar.

L. B.

“Coragem é aquilo de que a gente precisa para se levantar e falar; e é também aquilo de que precisamos para sentar e ouvir.” Carl H. Voss

“A coragem é uma virtude somente na proporção em que é dirigida pela prudência.” Fenelon

“Cada vez que perdemos a coragem, perdemos também vários dias de nossa vida.” Mauric Maeterlinck

 

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