UMA MENSAGEM A GARCIA
Introdução
Por volta de 1950, um dos diretores do Instituto Adventista de Ensino, era um grande apologista desta mensagem, afirmando que todos os anos, ao menos uma vez, este tema devia ser apresentado aos estudantes.
Não posso aquilatar se esta predileção pelo assunto era uma conseqüência de semelhança onomástica ou em virtude dos seus excelentes e oportunos conselhos. Lendo-a você se convencerá de que todos os seus leitores aprenderão sublimes lições e serão estimulados a ser mais dedicados ao estudo e ao trabalho.
O autor deste artigo, Elbert Hubbard, o escreveu no dia 22 de fevereiro de 1899 para uma revista nos Estados Unidos. O próprio autor, ficou muito surpreso, ao notar o grande interesse que ele despertou em quase todas as pessoas que leram. Logo a American News Company encomendou mil exemplares para distribuir aos seus empregados. O Sr. Daniels, diretor da Estrada de Ferro Central de Nova Iorque, enviou-lhe um telegrama dizendo: “Indique preço para cem mil exemplares artigo de Rowan, sob forma de folheto, com anúncios da Estrada de Ferro no verso. Diante da impossibilidade de atender rapidamente ao pedido, Hubbard autorizou que o Sr. Daniels reproduzisse o artigo conforme lhe aprouvesse.
Durante a distribuição do folheto aos trabalhadores da Estrada de Ferro, por casualidade o Príncipe Hilakoff, Diretor das Estradas de Ferro Russas, se encontrava em visita à América do Norte. Tão interessado ficou, que chegando à Rússia, mandou traduzi-lo e distribuir um exemplar a cada empregado da Estrada de Ferro. Durante a guerra entre a Rússia e o Japão, foi entregue um exemplar da “Mensagem a Garcia” a cada soldado russo que se encontrava no fronte.
Muitos outros países a traduziram, sendo que em 1913 já haviam sido impressos mais de quarenta milhões de exemplares desta mensagem.
Espero que o prezado leitor não apenas faça uma rápida leitura, mas que medite profundamente em alguns de seus conceitos que o ajudarão para um desempenho mais dedicado em sua atividade presente ou futura.
A Mensagem
Em todo o caso cubano, um homem se destaca no horizonte de minha memória como o planeta Marte no seu perlélio. Quando irrompeu a guerra entre a Espanha e os Estados Unidos, o que importava a estes era comunicar-se rapidamente com o chefe dos insurretos, Garcia, que se sabia encontrar-se em alguma fortaleza no sertão cubano, mas sem que se pudesse precisar exatamente onde. Era impossível comunicar-se com ele pelo correio ou pelo telégrafo. No entanto o Presidente tinha que tratar de assegurar-se da sua colaboração, e isto quanto antes. Que fazer?
Alguém lembrou ao Presidente: “Há um homem chamado Rowan; e, se alguma pessoa é capaz de encontrar Garcia, há de ser Rowan”.
Rowan foi trazido é presença do Presidente, que lhe confiou uma carta com a incumbência de entregá-la a Garcia. De como este homem, Rowan tomou a carta, meteu-a num invólucro impermeável, amarrou-a sobre o peito, e após quatro dias, saltou de um barco sem coberta, alta norte, nas costas de Cuba; e como se embrenhou no sertão, para depois de três semanas surgir do outro lado da ilha, tendo atravessado a pé um país hostil e entregue a carta a Garcia – são coisas que não vêm ao caso narrar aqui pormenorizadamente. O ponto que desejo frisar é este: MacKinley deu a Rowan uma carta para ser entregue a Garcia; Rowan pegou a carta sem sequer perguntar: “Onde está ele?”
Hosana! Eis um homem cujo busto merece ser fundido em bronze imarcescível e sua estátua colocada em cada escola do país. Não é de sabedoria livresca que a juventude precisa, nem de instrução sobre isto ou aquilo. Precisa, sim, de um endurecimento das vértebras, para poder mostrar-se altiva no exercício de um cargo; para atuar com diligência; para dar conta do recado; para, em suma, levar uma mensagem a Garcia.
O general Garcia não mais é deste mundo, mas há outros Garcias. A nenhum homem que se tenha empenhado em levar avante uma empresa, em que a ajuda de muitos se torne precisa foram poupados momentos de verdadeiro desespero ante a incompreensão de grande número de homens, ante a inabilidade ou falta de disposição de concentrar a mente em determinada coisa e fazê-la.
Assistência irregular, desatenção tola, indiferença irritante e trabalho mal feito, parecem ser regra geral. Nenhum homem pode ser verdadeiramente bem-sucedido sem que lance mão de todos os meios ao seu alcance, para obrigar outros homens a ajudá-lo, a não ser que Deus Onipotente, em Sua grande misericórdia, faça um milagre, enviando-lhe como auxílio um anjo de luz.
Leitor amigo, você mesmo pode tirar a prova. Você está aí sentado no seu escritório, rodeado de meia dezena de empregados! Pois bem: chame um deles e peça-lhe: “Tenha a bondade de consultar a enciclopédia e me fazer uma descrição sucinta da vida de Corrégio”.
Dar-se-á o caso de o empregado dizer, calmamente: “Sim, senhor”, e executar o que se lhe pediu?
Nada disso! Olhá-lo-á perplexo e de soslaio para fazer uma ou mais das seguintes perguntas:
– Quem é ele? Que enciclopédia? Fui acaso contratado para fazer isso? Não quer o senhor dizer Bismark? E se Carlos o fizesse? Já morreu? Precisa disso com urgência? Não será melhor que eu traga o livro para que o senhor mesmo procure o que quer? Para que quer o Senhor saber isso?
E, sem dúvida, depois de você haver respondido a essas perguntas e explicado a maneira de procurar os dados pedidos e a razão por que deles precisa, seu empregado irá pedir a um colega que o ajude a encontrar Garcia, e depois voltará para dizer que esse Corrégio não existe evidentemente, pode ser que eu erre, mas, segundo a lei das médias, jogo na certa. Ora, se você for prudente, não se dará ao trabalho de explicar ao seu ajudante que Corrégio se escreve com C e não com K, mas limitar-se-á a dizer, brandamente, esboçando o melhor sorriso:
– Não se incomode.
Dito isto, levantar-se-á e procurará você mesmo. E esta incapacidade de atuar independentemente, esta inépcia moral, esta invalidez de vontade, esta atrofia da disposição de solicitamente se pôr em campo e agir – são as coisas que recuam para
um futuro tão remoto do socialismo puro. Se os homens não tomam a iniciativa de agir em seu próprio proveito, que farão quando o resultado de seu esforço resultar em benefício de todos? Por enquanto parece que os homens ainda precisam de ser feitorados. O que mantém muito empregado em seu pasto e o faz trabalhar é o medo de, se o não fizer, ser despedido no fim do mês.
Anuncie você que precisa de um taquígrafo, e nove dentre dez candidatos à vaga não saberão ortografar nem pontuar, e, o que é mais lamentável, pensam não ser necessário sabê-lo.
Poderá uma pessoa destas levar uma carta a Garcia?
– Vê você aquele guarda-livros?, dizia-me o chefe de uma grande fábrica.
– Sim, mas, que há com ele?
– É um excelente guarda-livros. Contudo, se eu o mandar fazer um recado, talvez se desobrigue da incumbência a contento, mas também entre em dois ou três bares e, ao chegar ao destino, não mais se lembre da incumbência que lhe foi dada.
Será possível confiar a um homem tal uma carta para Garcia?
Ultimamente temos ouvido muitas expressões sentimentais, que externam simpatia para com os pobres entes que mourejam de Sol a Sol, para com os infelizes desempregados a cata de trabalho honesto, e tudo isto quase sempre entremeado de muita palavra dura para com os homens que estão no Poder.
Nada se diz do patrão que envelhece antes de tempo, em baldado esforço para induzir eternos desgostosos e descontentes a trabalhar conscienciosamente; nada se diz de sua longa e paciente procura de pessoal que, no entanto, muitas vezes nada mais faz do que “matar o tempo”, logo que ele volta as costas. Não há empresa que não esteja despedindo pessoal que se mostra incapaz de zelar pelos seus interesses, a fim de substituí-lo por outro, apto. Este processo de seleção por eliminação está-se operando incessantemente, em tempos adversos, com uma única diferença de que, quando os tempos são maus e o trabalho escasseia, a seleção se faz mais escrupulosamente, botando-se fora para sempre os incompetentes e inaproveitáveis. É a lei da sobrevivência do mais apto. Cada patrão, em seu próprio interesse, trata de conservar apenas os melhores – os que podem levar uma mensagem a Garcia.
– Leve-a você mesmo.
Sei, não resta dúvida, que um indivíduo moralmente aleijado não é menos digno de compaixão que o fisicamente mutilado. Entretanto, nesta demonstração de compaixão, vertamos também uma lágrima pelo homem que se esforça por levar avante grande empresa, cujas horas de trabalho não estão limitadas pelo som do apito e cujo cabelo fica prematuramente encanecido na incessante luta em que está empenhado contra a indiferença desdenhosa, a imbecilidade crassa e a ingratidão atroz, justamente daqueles que, sem o seu espírito empreendedor, andariam famintos e sem lar.
Dar-se-á o caso de eu haver pintado a situação em cores demais carregadas? Pode ser que sim; mas, quando todo o mundo se apraz em divagações, quero proferir uma palavra de simpatia ao homem que imprime êxito a um empreendimento, ao que, a despeito de uma porção de empecilhos, sabe dirigir e coordenar os esforços de outros e, após o triunfo, talvez verifique que nada ganhou; nada, além de sua mera subsistência.
Não há excelência na pobreza de per si; farrapos não servem de recomendação. Nem todos os patrões são gananciosos e tiranos, da mesma forma que nem todos os pobres são virtuosos.
Todas as minhas simpatias pertencem ao homem que trabalha conscienciosamente, quer o patrão esteja, quer não. E o homem que, ao ser-lhe confiada uma carta para Garcia, tranqüilamente toma a missiva, sem fazer perguntas pueris nem com o intenção de botá-la no primeiro bueiro que encontra, ou praticar outro feito que não seja entregá-la ao destinatário; este homem nunca fica “encostado”, nem tem de declarar-se em greve para forçar um aumento de salário.
A civilização busca, ansiosa, insistentemente, homens nessas condições. Tudo que um tal homem pedir, há-de-se-lhe conceder. Dele se precisa em cada cidade, em todo lugarejo, em cada escritório, oficina, loja, fábrica ou armazém. O grito do mundo inteiro, praticamente, se resume nisto: Precisa-se com urgência de um homem capaz de levar uma mensagem a Garcia!
O objetivo desta palestra, prezados estudantes, é despertar en vós qualidades latentes para que vos desincubais com galhardia agora, das responsabilidades estudantis, e no futuro com o mesmo denodo, das profissionais.
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