TIRADENTES E O IDEAL DA LIBERDADE
Liberdade, Igualdade, Fraternidade! Eis três palavras belíssimas pelos transcendentes princípios que nos vêm à mente. Efetivamente, os direitos de liberdade, igualdade e fraternidade são inerentes a todo ser humano, visto que todos nós, seja qual for a raça a que pertençamos, seja qual for a nossa condição social, fomos criados pelo mesmo Deus.
Longas dissertações poderiam ser feitas sobre cada uma destas palavras. Hoje, porém, quero deter-me por alguns instantes no significado da liberdade, desde que ela foi a mola propulsora para a nossa independência política.
A liberdade é uma das mais altas prerrogativas do ser humano. Conduzir-se por si mesmo, realizar aquilo que deseja – eis o desejo supremo do ser humano.
Se a liberdade individual é necessária, para que possamos expandir todas as nossas faculdades, não menos necessária é ela nos agrupamentos de indivíduos, que são as nações.
De duas maneiras se manifesta a opressão exercida sobre uma nação. Opressão praticada pelos próprios governos e opressão levada a efeito por outra nação. Quando se verifica a primeira denominamos o governo de tirano. Compulsando as páginas da história veremos que muitas nações tiveram este tipo de governo.
A Grécia, com seu povo inteligente, nos forneceu uma sábia lição; seus filhos tiveram clara noção dos seus direitos, por isso depois de muitas lutas, estabeleceram um governo democrático, banindo assim as ditaduras e fornecendo um sublime exemplo aos povos de todo o mundo.
Se lançarmos um olhar retrospectivo ao passado do Brasil o que veremos? Uma colônia portuguesa localizava na América do Sul, ansiosa de se libertar do jugo estrangeiro. O exemplo dos Estados Unidos e de outras nações, libertando-se dos países de origem, fez com que ideal da liberdade tomasse conta da pátria brasileira.
A liberdade através dos séculos sempre teve os mais denodados defensores e os líderes mais devotados.
A nossa pátria não faz exceção a este princípio, porque estudando-lhe a história, concluiremos, que a liberdade foi uma nota constante, uma idéia permanente no ideal dos brasileiros, desde Anchieta, até o extermínio da ditadura já em nossos dias. E a prova magnífica nós a temos, conhecendo os vultos pátrios, que por ela lutaram com alma, coração e intelecto, não hesitando se necessário fosse chegar mesmo ao sacrifício em prol da liberdade.
Nossos Grandes Defensores da Liberdade
Inegavelmente, a primeira figura que em nossa terra batalhou pela liberdade foi Anchieta, que tudo fez para desarmar a fúria dos Tamoios aliados dos franceses.
No longínquo Maranhão, Jerônimo de Albuquerque, lutou desassombradamente contra a invasão francesa em seu estado, e incorporou seu nome a nossa história como um paladino da liberdade.
As batalhas de Guararapes, em Pernambuco, nada mais foram do que o desejo de libertar a pátria do domínio holandês, prosseguindo sem desfalecimento na conquista deste bem supremo da humanidade.
Outra acentuada manifestação da liberdade encontramos no distante 1641, entre paulistas, quando quiseram tornar rei Amador Bueno da Ribeira.
E o que foi a Guerra dos Mascates?
Nada mais, nada menos do que a manifestação do sentimento nativista desejoso de livrar o Brasil do jugo português.
As primeiras produções dos escritores brasileiros, tão impregnadas do sentimento nativista, que nada mais é do que um patriotismo embrionário, como nos comprovam “A Ilha da Maré”, de Manuel Botelho de Oliveira e as produções de Gregário de Matos Guerra.
Logo a seguir vem um grupo de jovens que estudou na França e que se impregnou de idéias libertárias vicejantes no Velho Mundo.
Tiradentes e a Inconfidência Mineira
Nosso objetivo primordial hoje, é dizer-lhes alguma coisa sobre o que foi a Inconfidência Mineira, e o papal preponderante que nela desempenhou Tiradentes. A Inconfidência Mineira, pode ser definida em poucas palavras, como um movimento conspiratório ocorrido em Vila Rica, em 1789, liderado por um grupo de brasileiros, com o objetivo de libertar nossa Pátria do despotismo português, para que o Brasil entrasse num regime de liberdade republicana. Esta insurreição teve como causa Principal o descontentamento nascido pela forma arbitrária com que Portugal explorava as nossas minas.
A bandeira que eles idealizaram, trazia aquela expressão latina que nos é muito familiar, um verso de Virgílio – “Libertas quae sera tamen” – Liberdade ainda que tardia. Esta frase foi para eles uma síntese luminosa e para todos os brasileiros tem sido uma diretriz segura através dos anos.
Este movimento foi frustrado, porque surgiram três delatores, sendo o mais conhecido Joaquim Silvério dos Reis.
Durante quatro longos anos se arrastou o processo (de 1789 até 1732) quando foi proclamada a sentença final, condenando todos os conspiradores à morte. Mostrando-se os companheiros de Tiradentes, arrependidos, conseguiram que a Rainha de Portugal, D. Maria I, comutasse a pena de morte em degredo perpétuo na África.
Tiradentes, ao contrário dos outros, se mostrou sempre valente e corajoso, não renegando jamais seus ideais de libertação do Brasil. Sua sentença de morte não foi abrandada, e, depois de padecer quatro anos de horrores, nas masmorras, foi enforcado na data que estamos comemorando hoje.
Ele foi o primeiro grande herói da Libertação Nacional, por isso é conhecido como o “Protomártir” da nossa independência.
Por Decreto-Lei do Presidente da República, foi Tiradentes proclamado Patrono Cívico da Pátria Brasileira.
Publicar comentário