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A Corrida

Não sabes, não ouviste que o eterno Deus, o Senhor, o Criador dos fins da terra, nem se cansa, nem se fatiga? Não se pode esquadrinhar o seu entendimento. Faz forte ao cansado e multiplica as forças ao que não tem nenhum vigor. Isaías 40:28 e 29.

Embora não tenha sido uma das primeiras colocadas na corrida de São Silvestre naquele ano, os noticiários falaram por um tempo da determinação daquela atleta. Não sei dizer seu nome, tão pouco o ano em que se deu este fato. Sei que até hoje a imagem e determinação daquela mulher é exemplo para mim.  Ao ultrapassar a linha alguém vem ao seu encontro e oferece-lhe uma garrafa de água. Devia ser tudo o que ela rogava em seu íntimo naquele momento. Entretanto, sem forças e com movimentos mecânicos e passadas curtas, após a ultrapassagem ela estende um braço como que para ter noção da distância entre seu corpo e o chão e vai reclinando-se até cair como que morta. Vencida para muitos ela havia cumprido sua missão ali: percorrer todo o trajeto não importando em qual posição chegaria. Superar seus próprios limites.
  

   Eu também tinha participado de uma corrida. Na verdade, ao iniciá-la não me dei conta disto. Tão pouco dos resultados que me acarretariam tamanha ousadia. Estava na corrida do “tentar ser feliz sem Cristo”. Ao dar a largada sai confiante em mim mesma. Acabara de me separar. Tinha emagrecido uns bons quilos. Trocara as roupas compridas e sem qualquer atrativo para o mundo por outras que realçavam o que eu acreditava ter de melhor para uma mulher próxima da casa dos quarenta anos. As pessoas exaltavam minha “transformação”. E aquilo soava como música aos meus ouvidos. Fazia muito bem ao meu ego.
 

   Falta-me a exatidão do tempo em que corri até sentir-me assim, exausta, vencida. Não existia a necessidade de superar meus limites. Apenas perseverava pelos que amava e amo. Mas por um momento pensei que ao ultrapassar a linha de chegada não encontraria sequer quem me oferecesse uma garrafa de água fresquinha. Na verdade, dar-me-ia por satisfeita se o chão acolhesse-me como uma atleta vencida. Mas houve alguém que não somente deu-me o aconchego necessário para repor minhas energias. Ele também me tomou em seus braços e me tem carregado até este momento. Tem me curado as feridas e me feito acreditar: é possível ser feliz. Apesar de tudo, ao seu lado está minha única e grande oportunidade de ser feliz!

     Neste longo jornadear rumo aos braços amorosos de Cristo por muitas vezes senti-me incrivelmente cansada e abatida. Afinal, o prêmio que ganhei do mundo foi males de nossa geração popularmente denominada como: depressão, síndrome do pânico e estafa. Lembro-me dos finais de tarde em que retornava do trabalho, o trânsito pesado e o aglomerado de pessoas no ônibus faziam com que toda a sobrecarga refletisse em meu corpo numa fadiga tamanha,  que as vezes olhava para os lados e imaginava que se encontrasse um cantinho naquele transporte coletivo seria capaz de deitar e adormecer, até que alguém fosse informar-me que estava na hora de desembargar no ponto próximo a minha casa.

     Certa vez, tarde da noite, enquanto o sono não vinha, questionava com Deus quando tudo aquilo iria acabar. Quando voltaria a sentir-me uma pessoa normal. Quando finalmente teria descanso, da mente e do corpo.  Foi quando o alarme de mensagens do celular me fez voltar à realidade. Tomei o aparelho móvel nas mãos sem muito interesse. Nada estava sendo fácil para mim. Ao menos não até ali.  Mas ao ler o texto que consideramos acima meu coração bateu mais forte com aquela esperança. Sim! O Espírito Santo havia acabado de usar uma amiga muito querida para dar-me uma mensagem. Não apenas uma mensagem de esperança, mas também mensagem de  paz, amor e alento!

     Deveras nosso bondoso Deus tem tido misericórdia de seu povo. Somos peregrinos nesta terra hostil. Mas a cada dia testemunhamos os milagres realizados em nossa própria existência. Milagres que uma geração incrédula por vezes não percebe. Mas sua graça se faz presente a cada momento na vida daqueles que clamam seu nome, seu sangue… Jesus! São tantas as bençãos que são derramadas sobre a vida dos justos e dos ímpios, que não poderiam contar nossa limitada e ingrata concepção.

     Nos versos seguintes deste mesmo capítulo podemos ler ainda: Os jovens se cansam e se fatigam, e os moços de exaustos caem, Mas os que esperam no Senhor renovam as suas forças, sobem com asas como águias, correm e não se cansa, caminham e não se fatigam.

     Obrigada maravilhoso Deus, por seu cuidado com cada criatura nesta terra. Entre tantas… Eu e minha casa!
                                                                                                                                                   Por Tânia Mírian

 

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