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A vida năo é um Ensaio

Esse era o pensamento preferido do astronauta israelense Ilan Ramon, segundo o capitão da marinha Kent Rominger, presidente e chefe do departamento dos astronautas na NA­SA (National Aeronautics and Space Administration). Ele era o único es­trangeiro na tripulação que partici­pou da missão espacial mais recente e que terminou de forma trágica no dia 1 Q de fevereiro deste ano.

De forma inesperada, a missão STS 107 foi abortada 16 minutos antes de seu programado desfecho no Cabo Canaveral, Flórida. Segundo o website da NASA, a missão espacial tinha co­mo objetivo mais de 80 experimentos que utilizavam a micro gravidade como uma ferramenta fundamental e versátil para trazer novas idéias sobre o espaço e melhorar a vida na Terra. A missão ainda incluiu estudos sobre os fatores que controlam o clima na Terra.

Alguns de nós ainda nos lembrá­vamos das manchetes no dia 28 janei­ro de 1986, data do último desastre dessa natureza, e a reação geral em fa­ce da impressionante explosão do ôni­bus espacial Challenger no momento de decolagem. Mesmo no Brasil o as­sunto foi comentado exaustivamente por vários dias, enquanto as imagens inacreditáveis comoviam grande parte da população.

Nos Estados Unidos, a história se repetiu parcialmente com a notícia da desintegração do ônibus espacial Co­lumbia quando sobrevoava o Estado do Texas. O país parou para lamentar a morte dos sete ‘astronautas.

Sendo que os conflitos no Oriente Médio, por exemplo, registram quase o mesmo número de fatalidades todas as semanas, por que esse acidente nos fez refletir tanto?

a) Porque envolveu a morte de 7 pessoas?

b) Por causa do “espetáculo Visual” envolvido?

c) Porque a NASA tem um orça­mento anual de 15 bilhões de dólares?

d) Porque essas pessoas represen­tavam o orgulho e sonhos do mundo no espaço?

e) Todas as anteriores?

Provavelmente a alternativa “e”, todas as anteriores e mais uma: cons­ciente ou inconscientemente, missões espaciais como essa parecem reunir o melhor que a humanidade pode produzir na busca por respostas a misté­rios que envolvem além do nosso pró­prio planeta. (Isso lembra a Torre de Babel ou é impressão minha?) É como se indivíduos fossem escolhidos a de­do, se submetessem a treinamentos es­pecíficos, usassem os melhores equi­pamentos disponíveis e, por causa de um “detalhe” da natureza, tudo fosse em vão e a submissão humana a Deus estivesse em evidência mais uma vez.

No último e-mail enviado pela as­tronauta Laurel Clark do espaço, um dia antes do acidente, ela relata: “Olá, aqui de cima do magnífico planeta Terra. A vista é verdadeiramente inspi­radora. Já tive algumas perspectivas incríveis: relâmpagos sobre o Pacífico, a Aurora Austral iluminando o hori­zonte visível com o brilho das cidades da Austrália na parte de baixo, a lua crescente se posicionando sobre a Ter­ra, as vastas planícies da África e as du­nas do Cabo Horn, rios desfilando por entre as altas montanhas, a linha con­tínua de vida que se estende da Améri­ca do Norte, passando pela América Central até a América do Sul.”

A brevidade da vida é mais uma vez trazida à tona assim como a sobe­rania do Criador. O pensamento do primeiro astronauta israelense, Ilan Ramon, alerta para a importância de procurarmos o real sentido e a missão que temos no Grande Conflito.

Resta a cada um curvar-se perante a Sua glória e render-se inteiramente a Ele. A vida não é um ensaio, já é o es­petáculo.

 

Marcelo Dias

Revista Adventista ( Junho / 2003)

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