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AMIGOS DEFENDEM SEUS AMIGOS

Conta-se a história de certo faquir da Índia, que um dia chegou a uma pequena vila declarando que podia fabricar ouro. As pessoas correram para ver o estranho visitante. O homem colocou num prato grande um pouco de água, algumas gotas de tinta e começou a mexer o prato em círculos, repetindo algumas palavras mágicas. Num momento em que a atenção do público estava distraída, o faquir deixou escorregar da manga um pedaço de ouro dentro do prato, e depois tirou a água da vasilha e mostrou a todos o pedaço de ouro. Todo mundo olhava incrédulo.

 

Um comerciante esperto da cidade quis comprar a fórmula por 500 dólares e o faquir vendeu. Só que disse o seguinte para o comprador:

 

– Você não pode pensar no macaco de rosto vermelho quando mexer o prato, porque se você pensar nele o ouro nunca aparecerá.

 

O comerciante prometeu que “lembraria sempre que devia esquecer o macaco” mas quanto mais se esforçava por esquecer, tanto mais forte ficava em sua mente a imagem do macaco de rosto vermelho. E ele jamais conseguiu o ambicionado ouro.

 

Não lhe parece familiar este fato? Quanto mais queremos esquecer nossos erros, quanto mais queremos jogar fora a tentação, mais firme ela fica. Amigo querido, olhe para Cristo. Que Ele ocupe o território completo de sua mente através de promessas bíblicas.

 

Tenho uma experiência que marcou minha vida de garoto. Devia ter seis ou sete anos de idade naquela época. Na escola todas as crianças tinham mais ou menos a minha idade. Só havia dois rapazes grandes, de dezesseis anos. Um deles era muito mau, batia nas crianças e tirava as coisas delas à força.

 

Minha mãe costumava me dar 20 centavos para o lanche. Com 20 centavos naquele tempo dava para comprar um sorvete de morango e ainda restava troco para comprar amendoim. Tenho a impressão de que cada dia eu me levantava com uma ansiedade tremenda de ir à escola por causa do sorvete e do amendoim e não por causa da aprendizagem. Um sorvete era a maior alegria que um garoto de seis anos podia ter.

 

Um dia, no caminho da escola, aquele rapaz mau saiu ao meu encontro e me pediu a moeda. Resisti, mas ele me dobrou o braço e à força tirou a minha moedinha.

 

Depois ele disse:

 

– Você está vendo aquele homem sem braço?

 

Lá no bairro havia um rapaz que não tinha um braço.

 

– Sabe por que não tem braço? Eu cortei o braço dele. E se você contar para sua mãe ou para a professora que tirei sua moeda, corto também seu braço.

 

Foi aí que a minha tragédia começou. Dia após dia eu entregava a moedinha para ele. Isso causava uma revolta dentro de mim. O pior de tudo era que não podia avisar ninguém, porque não queria perder o braço. Tornei-me uma criança triste, chorava à noite sozinho. Não tinha mais motivação para ir à escola. Às vezes, na hora do recreio, aquele rapaz mau comprava um sorvete e com meu dinheiro tomava esse sorvete perto de mim, zombando de mim e me fazendo sofrer. O que podia fazer uma criança de seis anos contra um rapaz de dezesseis?

 

Certo dia, na hora do recreio, eu estava contemplando as crianças brincando, quando aquele rapaz mau bateu numa delas. Naquele momento apareceu o outro rapaz grande da escola e deu-lhe um tapa. E para minha surpresa o rapaz mau não teve coragem de enfrentá-lo. Naquele momento uma idéia brilhou na minha mente. Procurei o outro rapaz e disse:

 

– Você gostaria de ganhar 10 centavos todo dia?

 

E contei a história para ele. O rapaz prometeu me proteger. Combinamos que no dia seguinte ele me esperaria no lugar onde o rapaz mau me aguardava diariamente.

 

Aquela noite quase não dormi. “Amanhã”, pensava, “será meu grande dia. Nunca mais ninguém vai me tirar a moeda”.

 

No dia seguinte levantei-me cedo. Recebi a moeda de minha mãe e me dirigi para escola. Lá, no lugar de sempre, o rapaz perverso estava me aguardando. Dessa vez não olhei para ele. Segui meu caminho, mas ele me alcançou e me pediu a moedinha.

 

– Nunca mais,
ouviu? Nunca mais vou lhe entregar a moeda – disse olhando para os olhos dele desafiadoramente.

 

Meu inimigo quase não podia acreditar no que estava ouvindo. Começou a me dobrar o braço. Mas, naquele instante, do outro lado da rua saiu meu amigo e nós dois demos uma surra nesse grandão.

 

Você achou engraçado? Eu também acho isso engraçado, mas tremo pensando nas horas de angústia e de impotência que uma criança de seis anos viveu.

 

Nós somos a criança e o diabo é aquele rapaz de dezesseis anos. Às vezes ele vem e nos tira, não a ilusão de um sorvete, mas a alegria da vida. Derruba nossos castelos, nossos sonhos, estraçalha nossos planos. Rouba-nos os valores morais, o respeito próprio, arranca de nós a paz, o equilíbrio interno e ri, ri porque se considera vitorioso. Sua gargalhada é como uma bofetada no rosto de Cristo.

 

Às vezes brinca conosco, como o gato com o rato. Deixa-nos sair um pouco, quando pensamos que estamos livres, ele nos traz de novo com força para nos ferir, machucar e humilhar.

 

Por quê? Por que tem que ser assim? Do outro lado da rua, lá na montanha solitária foi pendurado um Deus-homem não só para nos dar perdão, mas também para nos dar poder. Quando Ele morreu, o inimigo pensou que tinha vencido, mas ao terceiro dia, Jesus ressuscitou das entranhas da terra completamente vitorioso. E hoje vive. Vive para dar poder.

 

Por favor querido amigo, olhe para a tumba vazia. Olhe para o Céu e veja o gigante da História disposto a vencer em seu favor. Cristo venceu! Venceu Seu inimigo no deserto. Venceu-o na cruz. Venceu-o na morte. Só resta vencer em nosso coração. E aí a decisão é nossa. Ele não pode vencer em nosso coração se não permitirmos.

 

Nosso inimigo é um inimigo vencido. E está lutando desesperadamente tentando vencer. A Bíblia diz: “Sede sóbrios; vigiai; porque o diabo, vosso adversário, anda em derredor, bramando como leão, buscando a quem possa tragar. (I Pedro 5:8).

 

Como leão buscando a quem devorar sabendo que tem pouco tempo porque ele reconhece que está vencido.

 

Conta uma lenda antiga que um guerreiro estava lutando na batalha com a cabeça decepada, mas estava tão envolvido na luta que mesmo sem cabeça estava matando muita gente, até que alguém olhou para ele e disse:

 

– Você está sem cabeça. Você está morto. Aí o guerreiro caiu e parou de lutar.

Estamos lutando contra um inimigo sem cabeça. Cristo já o venceu. Justamente por isso ninguém tem o direito de estar derrotado para sempre. Ninguém tem o direito de pensar que já é tarde demais para começar de novo.

Clame a Deus agora mesmo e reclame dEle a promessa de perdão e de poder. Ele sabe que as inclinações de seu coração são fortes e o ajudará na hora da tentação.

ORAÇÃO

Pai querido, não permita que eu fique com a sensação de fracasso na vida. Cristo derrotou o inimigo para que eu pudesse conhecer o maravilhoso sabor da vitória. Não importa a tentação; não importa o tempo que permaneci escravo do pecado. Posso ser vitorioso. Agradeço por isso em nome de Jesus. Amém.

 

 

Pr. Alejandro Bullón 

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