AQUI É O ZÉ…
Todos os dias, um homem maltrapilho e sujo entrava correndo na igreja,
ajoelhava em frente ao púlpito, fazia uma oração e voltava correndo para a rua,
do mesmo modo como entrou.
Admirado com a repetição da cena, o pastor não se importou, dizendo para si
mesmo que a casa de Deus está aberta a todos. Mas, acabou ficando tão
incomodado com aquilo, que resolveu esperar o homem na saída da igreja.
Segurou-o pelo braço e perguntou:
– Quem é você? e por que você entra correndo e sai correndo em vez de assistir
o culto todo?
Ao que o homem respondeu:
Eu sou o Zé e não tenho tempo para assistir o culto todo porque tenho que
trabalhar na rua. Por isso, passo sempre aqui e entro rapidinho só pra falar com
Jesus.
– Como é que você faz isso correndo desse jeito? Claro que Jesus não vai te
escutar! Falou o pastor.
E o homem:
– Não sei se ele ouve ou não, pastor, mas eu não deixo de falar com ele. Entro,
ajoelho e digo:
– Oi, Jesus!…Tudo bem? …Aqui é o Zé…
Passado algum tempo, o Zé foi atropelado nas ruas e ficou muito mal, durante
muito tempo. Assim que começou a se restabelecer, a enfermeira que tomava
conta daquela enfermaria, cheia de indigentes e desvalidos, ficou surpresa com
o Zé. Ele estava sempre bem e conseguia passar aos outros internos um pouco
de alegria e conforto.
– Ô Zé, como é que você, não tendo ninguém, nem nada no mundo, todo
quebrado, quase morreu, ainda tem alegria para compartilhar com os outros? Eu
não entendo.
Ao que o Zé respondeu:
Ah, erfermeira, eu acho que é por causa da visita que recebo todos os dias.
– Que visita? Você está variando, homem? Ninguém vem te ver…
– É claro que vem, enfermeira! Todos os dias, ele chega ao pé da minha cama e
diz:
– Oi Zé!… tudo bem?… aqui é Jesus!…
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