CINQÜENTENÁRIO DO I.A.E.
Palestra Proferida no dia 15 de Novembro de 1965.
Mui dignos ex-alunos e adeceanos presentes, diletos líderes da obra Adventista, prezados membros da família iaense.
Todas as nações, como os indivíduos, possuem datas memoráveis, e estas datas, muitas vezes, relembram acontecimentos que modificaram os destinos da humanidade.
Dentre as datas cívicas de nossa pátria, há três que se destacam e se projetam sobremaneira: 21 de abril que relembra as primeiras tentativas para a nossa independência; 7 de setembro, confirmando a concretização do ideal de libertar-se da opressão lusa; 15 de novembro, o anseio dos brasileiros por uma nova forma de governo, ou seja a mudança do regime monárquico para o republicano.
O governo monárquico brasileiro foi bom, pois tivemos em Dom Pedro II um imperador magnânimo, culto, honesto e esclarecido, mas os brasileiros não estavam satisfeitos, porque queriam uma melhor forma de governo e esta melhor forma era a república.
Mas o que é a república?
Deixemos que a defina, a pena magistral do príncipe dos prosadores brasileiros – Coelho Neto: “República é o regime político, no qual domina a vontade do povo, e em sufrágio livre, elege os mandatários da sua nação. É a forma ideal de governo, quando o povo convenientemente preparado pela instrução, exerce conscientemente o seu principal direito e dever cívico, que é o de escolher entre os homens superiores os seus representantes”.
A república foi fundada, construída graças ao idealismo de uma plêiade de brasileiros ilustres, e apesar de algumas borrascas contrárias, cada dia mais o Brasil se firma, e se todos os timoneiros da pátria, o tivessem dirigido com aquelas virtudes e atributos, que os povos esperam de seus governantes, muito mais sublime seria hoje o seu destino no cenário das nações.
Se o dia de hoje é significativo para a pátria, ele tem também marcante significação para a Igreja Adventista e com especialidade para este Colégio, porque as comemorações cinqüentenárias iaenses, atingem hoje o seu ponto culminante.
O ano de 1915 foi para o Movimento Adventista, data de transcendental importância, porque foi o marco histórico desta cidade do saber.
Cinqüenta anos se passaram, desde que alguns homens idealistas, esclarecidos e bem intencionados estabeleceram, sob a orientação divina, esta instituição de ensino.
Seria impossível em rápidas palavras, dizer do muito que este Colégio tem feito pela sociedade, pela pátria brasileira e pela causa do evangelho.
Para qualquer lugar que voltarmos os pensamentos, encontraremos os paladinos da verdade, os plasmadores de caracteres, os líderes da Organização, os orientadores da mocidade, os exímios manejadores da pena, os eloqüentes doutrinadores do púlpito, e todos estes devem a sua inspiração e preparo, especialmente, a esta querida escola.
Senhores, tudo o que estais vendo e sentindo nestas colinas amigas, tem sido o resultado do esforço conjugado dos membros da Igreja, do trabalho de diretores esclarecidos desde os primórdios com Lipke e Boehm, avultando-se entre outros Steen, Maas, Domingos Peixoto da Silva, Jerônimo Garcia, Rodolfo Belz, para chegarmos ao dinâmico e empreendedor Jairo Tavares de Araújo, a quem o 1.A.E. deve as comemorações condignas deste cinqüentenário, culminando hoje, com a inauguração deste singelo, mas para nós filhos desta casa, tão significativo centro cívico, cuja placa comemorativa relembrará esta efeméride. Eles estão localizados bem no coração desta casa, lugar já tradicional em nossa escola, pois foi aqui que nasceu esta instituição de ensino.
Mas seria ingratidão, se não tivéssemos uma palavra de apreço aos professores, que tanto têm feito para o engrandecimento desta colmeia do saber; para com os chefes de departamento, e para com os trabalhadores anônimos que, diuturnamente, cooperam para o bom nome deste centro de trabalho, cultura, civismo e religião.
Terça-feira última, foi lançado em São Paulo o livro intitulado A Maior Herança, onde o conceituado educador Sólon Borges dos Reis, nos mostra que nenhuma causa, nenhum programa é mais digno do devotamento humano, do que a preocupação com o preparo da nossa juventude.
Como Igreja temos compreendido o valor da educação, e graças a esta compreensão e idealismo educacional, é que temos hoje este templo de cultura, o nosso I.A.E., que granjeou nome e prestígio por todos os rincões da nossa Pátria.
Mas qual seria a causa primordial deste bom conceito?
Creio ser o seguinte: esta escola é dirigida pela orientação divina, baseada nos princípios das Escrituras e assessorada pela orientação dos livros Educação, Conselhos aos Professores Pais e Estudantes e Fundamentos da Educação Cristã, de Ellen G. White. Temos ainda como escopo não apenas ensinar, mas educar, formar, transformar o comportamento do educando, para que ele se torne bom cidadão nesta vida, e candidato ao lar eterno, que Cristo nos está preparando.
Dizia o saudoso Presidente Kennedy, que de nada adiantará a riqueza material se não soubermos valorizar a riqueza intelectual, moral e espiritual do nosso povo.
Há muitas famílias riquíssimas, com filhos desajustados, inúteis e infelizes, porque, muitas vezes, lhes faltou lares cristãos, pais tementes a Deus e uma educação semelhante, a que é ministrada em nosso Colégio.
Sempre o passado teve grande importância no presente, para a vida do indivíduo e das nações.
O passado desta instituição não se encontra marcado em pedra, cristalizado nos anais ou nos livros de registro, porque o nosso passado sois vós, os ex-alunos, sois vós os adeceanos e este passado é presente, porque se faz representar nas mais variadas partes deste país e mesmo além das fronteiras da Pátria.
Orgulhosamente, pois, o Instituto Adventista de Ensino apresenta a todos quantos queiram ver seu valioso passado.
Eis aqui o seu passado, eis, vivo e atu
ante, a construção destes cinqüenta anos de existência.
É desnecessária qualquer eloquência, na apresentação do quanto construiu o nosso Instituto, porque os testemunhos diários, que ouvimos daqueles que por aqui passaram, e a vossa vida testificam dessa construção.
Por certo disse bem, aquele que disse: que as coisas e as pessoas podem trazer-nos satisfação, alegria e felicidade ou desgostos, tristezas e infelicidades.
Com a vossa presença hoje, nesta escola, nos estais trazendo o contentamento e a confirmação de quanto a estimais.
Sois vós, ex-alunos e adeceanos, vós somente e ninguém mais, os depositários da honra e do nome do Instituto Adventista de Ensino.
Urge que finalizemos, mas ouvi ainda a minha última petição ou o apelo da nossa escola.
O Instituto pede que o continueis honrando, dignificando sempre o seu nome, e que prossigais demonstrando, que aqui formastes personalidades altruístas, cristãs e bem equilibradas.
Almejamos que o 1.A.E. continue em sua marcha triunfal, cumprindo a missão precípua de educar, e se outras comemorações futuras o Senhor nos conceder, que Ele nos ajude, a nós seus filhos de hoje, a contribuirmos com a nossa humilde parcela para a grandeza e o brilho desta escola.
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