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Cristianismo Prático

Texto solene da escritora Ellen White convida-nos a uma refle­xão. Diz ela:

“Muitos pensam que seria grande privilégio visitar os cená­rios da vida de Cristo na Terra, andar pelos lugares por Ele trilhados, con­templar o lago à margem do qual gos­tava de ensinar, as montanhas e vales em que Seus olhos tantas vezes pousa­ram. Mas não necessitamos ir a Naza­ré, a Cafarnaum ou Betânia para an­dar nos passos de Jesus. Encontrare­mos Suas pegadas junto ao leito dos doentes, nas choças da pobreza, nos apinhados becos das grandes cidades, e em qualquer lugar onde há corações humanos necessitados de consola­ção.” – O Desejado de Todas as Nações, pág.640.

É interessante perceber que Ellen White, em completa consonância com a Bíblia Sagrada, nos aconselha a ir até onde as pessoas estão e auxiliarias. O pedido divino a Abraão, registrado no Antigo Testamento, que dizia “sê tu uma bênção” (Gên. 12:2), vai além das meras palavras. Ser uma bênção signi­fica ajudar o próximo de maneira prá­tica: consolar, visitar, saciar a fome, agasalhar, ministrar orientação educa­cional, ensinar como ter saúde e, por meio desses ensinos, conduzir as pes­soas ao conhecimento de Cristo e à compreensão dos assuntos espirituais para a salvação eterna. Isso não se consegue de braços cruzados, espe­rando que alguém bata à porta e peça um pedaço de pão ou solicite uma pa­lavra de ânimo e esperança. É necessá­rio agir empregando os dons concedi­dos por Deus, num evangelismo que mescla assistência à comunidade e pregação do evangelho.

Neste ano em que a Igreja Adven­tista vem dando ênfase ao evangelismo, principalmente com a expectativa de envolver os jovens de maneira in­tensa no trabalho de divulgação da mensagem bíblica, nada melhor do que adotar o que a Bíblia ensina a res­peito de algo que podemos chamar de evangelismo comunitário. Ações co­munitárias funcionam como meio efi­caz de “abrir portas” em bairros, vilas e demais localidades para a reflexão sobre a Palavra de Deus. Profissionais voluntários como médicos, enfermei­ros, cabeleireiros, dentistas, psicólo­gos, fisioterapeutas, nutricionistas, advogados e outros tantos (e mesmo universitários) já se estão unindo para trabalhar em favor das pessoas neces­sitadas dos serviços básicos.

Os benefícios desse tipo de traba­lho são reais e diversos. As ações esti­mulam o uso dos talentos e das apti­dões dos membros da igreja. Isso faz com que cristãos que antes se sentiam menosprezados ou até abandonados num canto qualquer da igreja, sintam­ se motivados a desenvolver o que sa­bem a fim de melhorar a vida de ou­tros. Além disso, a mobilização do evangelismo comunitário produz simpatia por parte do poder público dos municípios e Estados. Os voluntá­rios estão prestando serviços que aos governos compete oferecer gratuita­mente à população. Portanto, esses voluntários colaboram com as autori­dades. Por meio das ações, inúmeras pessoas chegam ao conhecimento do cristianismo prático e passam a enxer­gar as igrejas como aliadas da socieda­de e não inimigas mercenárias, nem exploradoras da fé do povo.

Na Grande Florianópolis, onde resido, uma profissional do Instituto de Identificação do Governo do Esta­do deu seu testemunho acerca desse tipo de trabalho. Ela participou de duas ações promovidas pelos adven­tistas na região que cerca a capital ca­tarinense, onde foram oferecidos vá­rios serviços sem custo, em alguns domingos. A funcionária, que auxiliava confeccionando gratuitamente cartei­ras de identidade para a população, afirmou que seria muito bom “se to­das as igrejas fizessem um trabalho como esse”. Isso me faz lembrar o que está escrito no livro de Isaías, quando Deus diz que “não é este o jejum que escolhi: que soltes as ligaduras da im­piedade, desfaças as ataduras da servi­dão … não é também que repartas o teu pão com o faminto, e recolhas em casa os pobres desabrigados, e, se vires o nu, o cubras, e não te escondas do teu semelhante?” (58:6 e 7).

Você, que é líder de igreja, mem­bro de uma sociedade de jovens ou simplesmente está preocupado em abreviar a volta de Cristo por meio da pregação do evangelho do reino, acre­dite no evangelismo comunitário. Empenhe-se, planeje ações e ponha mãos à obra na sua região. Deus aben­çoará o trabalho motivado pelo amor a Cristo e pelo próximo. Isto é religião na prática.

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