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FELICIDADE

 

O Maior Desejo do Ser Humano

 

Leitura Bíblica: Salmo 1; Mat. 5:1-12.

 

O Que é felicidade?

Dizem os estudiosos, que este vocabulário pertence ao tipo da palavra explicável, mas não definível.

Talvez seja esta a razão que levou o pensador patrício Marquês de Maricá a afirmar: “É tão fácil sentir a felicidade, mas é tão difícil defini-la”.

Apesar disso muitas definições foram propostas, cada um a entendendo ao seu modo.

Norberto Rojas assim a explica:

“Para o pobre, é a riqueza; para o escravo, a liberdade; para o condenado à morte, a vida; para o enfermo, a saúde; para o velho, a juventude.

“Para o poeta é um sonho, uma nuvem ilusória, uma ânsia de alguma coisa não existente.

“Felicidade é emoção: Portanto é subjetividade”.

É alegria e contentamento diante da realidade da vida.

Teologicamente, pode ser definida, como a condição humana de bem-estar que vem com as bênçãos de Deus ou com a divina recompensa para os justos.

Na Bíblia felicidade é saúde e êxito, vida longa e descendência abundante, segurança e fartura.

“Num sentido mais abarcante o termo tem a conotação de plena satisfação, implicando negativamente, a ausência de sofrimentos físicos ou morais, e, positivamente, uma sensação de alegria, de paz e de plenitude interior”. Fernando Bastos de Ávila

Afirmam os psicólogos, aqueles que estudam o comportamento do ser humano, que o maior desejo do homem é o de encontrar a felicidade.

 

Onde Encontrar a Felicidade?

 

Muitos a procuram nos prazeres do mundo, especialmente os jovens, mas depois de algum tempo descobrem que têm perdido a vida e gastado energia, perseguindo um oásis fictício e encontrado não a felicidade, mas desilusão e melancolia a exemplo do filho pródigo da parábola, e de tantos vultos da história que poderiam ser mencionados, como o de Bocage.

Outros se isolam do mundo, buscam a solidão, afastam-se das lutas, maldades e problemas que a vida lhes apresenta, pensando que assim podem ser felizes, porém, esta esperança em breve se desfaz, como se desfazem os castelos construídos sobre a areia.

Um terceiro grupo pensa que a felicidade pode ser encontrada em outros lugares, em países diferentes, assim perambulam de um lado para outro, mas em breve estas pessoas retrocedem desiludidas, por verem frustrados seus mais elevados e puros anseios.

Uma classe mais numerosa, almeja encontrá-la no dinheiro e luta freneticamente para adquiri-lo, porque ele pode fornecer muitos bens materiais, mas a história da humanidade está pontilhada de exemplos e mais exemplos de pessoas multimilionárias, que foram sumamente infelizes, muitas delas terminando seus dias de maneira trágica e inglória.

Este caminho não é novo, porque Salomão também a procurou nas riquezas, tornando-se o homem mais rico que já houve neste mundo; alcançou tudo o que o coração natural podia almejar, mas em Eclesiastes 2 ele nos informa que chegou à conclusão de que tudo era vaidade.

Buscam-na os jovens no casamento e este com efeito, quando realizado com discernimento e assessorado pela orientação paterna e divina, muito contribuiu para a felicidade, mas muitos cônjuges, por uma multiplicidade de fatores descobrem que seu casamento redundou em frustração, desgraça e grande infelicidade.

 

Maneira Excêntrica de Encontrar a Felicidade

 

Existem pessoas que acreditam em rituais tão primitivos como os de iemanjá, supondo que banhar-se no mar, entre o último e o primeiro dia de cada ano e oferecer flores e prendas poderá trazer a felicidade. Esta superstição de origem africana não merece ser comentada, pois como bem disse um de nossos sociólogos, a idade mental dos praticantes de tal ato não ultrapassa de sete anos.

Diante de minha exposição até aqui, alguém poderá concluir que sou pessimista e que não creio na existência da felicidade.

 

Existe ou não Existe Felicidade?

 

A felicidade existe, creio nela e a defendo, mas neste mundo há apenas uma felicidade relativa, porque nele impera a morte, a dor, as enfermidades, as injustiças, o medo, enfim os efeitos do pecado que impedem a felicidade plena e duradoura. A felicidade absoluta e completa só a alcançaremos pela graça de Cristo, quando estivermos nas mansões dos salvos livres dos males existentes em nosso mundo.

O poeta santista, Vicente de Carvalho, escreveu um belo soneto ao qual deu o título de Velho Tema, onde apresenta o problema de existência ou não da felicidade.

Nos dois tercetos lemos:

Essa felicidade que supomos,

Árvore milagrosa, que sonhamos

Toda arreada de dourados pomos,

Existe sim: mas nós não a alcançamos,

Porque está sempre apenas onde a pomos,

E nunca a pomos onde nós estamos.

 

Como Conseguir a Felicidade?

 

Se há uma arte em ser feliz, todos nós precisamos aprender e pôr em prática esta sublime arte em nossa vida. Paracelso nos legou este sugestivo pensamento:

“A felicidade e a desdita não são como a neve e o vento, porque se podem regular e compreender segundo as leis da Natureza: a desdita é a ignorância e a felicidade é a sabedoria”.

Sem dúvida alguma podemos aprender a ser felizes e este aprendizado é muito necessário, visto ser hoje a infelicidade uma das piores tragédias do nosso mundo.

O médico Martin Gumpert apresentou em seu valioso livro Anatomia da Felicidade alguns conceitos que poderiam ser destacados:

“A felicidade é algo tangível e significativo, alguma coisa que se pode possuir e perder. O nosso estado de saúde física e mental amplia as  possibilidades de alcançarmos a felicidade. A pessoa feliz é aquela que está em paz consigo mesma e com as pessoas que a cercam”.

Disse Júlio Dantas:

“A felicidade é qualquer coisa que depende mais de nós mesmos do que dos acontecimentos e eventualidades da vida”.

Concluímos que a felicidade não depende de coisas, como muitos pensam, mas da nossa atitude positiva diante da vida.

O Dr. Crane aconselha: “Pratique a felicidade”.

Estas palavras nos indicam que ela é o resultado de uma conquista diária e de um esforço constante.

Nesta mesma seqüência de idéias, muito oportuna é a declaração de Nitch: “A verdadeira felicidade tem por nome o querer”.

Omar Khayam apresenta a seguinte receita para a felicidade:

1) Se quer conhecer a paz e a serenidade, pense nos miseráveis que padecem os piores infortúnios e você acabará por julgar-se feliz.

2) Se aspira a paz definitiva, sorria àqueles que o ferem, mas não fira a ninguém.

3) Não mergulhe no passado, nem sonde o futuro, o seu pensamento não deve ir além do dia de hoje.

4) Não entristeça a ninguém, este é o segredo da paz.

A doutora Gilerson, psiquiatra norte-americana, durante muitos anos relacionou-se com pessoas infelizes, mas que almejavam alcançar este bem supremo da humanidade.

Ela apresentou os seguintes 10 requisitos que devem ser cumpridos para a pessoa alcançar a felicidade:

1) Viva uma existência razoável, descanse o mais possível e alimente-se de uma maneira racional.

2) Procure um objetivo na vida, mas que este objetivo não seja egoísta. Em outras palavras proponha um alvo que você deseja alcançar.

3) Não dê aos fatos mais importância do que realmente merecem. Não se deixe abater pelos contratempos. Isto não é fácil, mas é possível.

4) Aceite a vida tal qual ela se apresenta, mesmo que não s

eja como a deseja.

5) Aprenda a decidir rapidamente e aceite as conseqüências de suas decisões sem recriminações.

6) Viva o presente. Limite o seu horizonte a um círculo de 24 horas, dizendo que ontem já passou e amanhã ainda não chegou.

7) Aprenda a rir. Cultive o seu bom humor. Lembre-se de que não há nada mais ridículo do que um homem que parece levar o peso do mundo em seus ombros.

8) Não despreze as oportunidades para se recrear. Aprenda a brincar. Procure interessar-se por alguma coisa.

9) Simplifique a vida, eliminando o supérfluo.

10) Procure levar uma vida bem ativa. Tenha amor e dedicação ao seu trabalho. A preguiça é o maior inimigo da felicidade.

Por alguns destes itens, deduzimos que a felicidade depende de um fortalecimento espiritual, para enfrentar com otimismo as situações desfavoráveis que a vida nos apresenta.

 

A Bíblia e a Felicidade

 

A Bíblia nos apresenta múltiplos requisitos para sermos felizes e entre tantos que podem ser coligidos alguém destacou estes dez, onde na maioria dos casos aparece a expressão – bem-aventurado, que significa sumamente feliz:

1º) Felizes os que guardam a lei. S. Tiago 1:25.

2º) Felizes os que sofrem por Deus. I S. Pedro 3:14.

3º) Felizes os que fazem o que Jesus manda. S. João 13:17.

4º) Felizes os que recebem a correção de Deus. Jó 5:17.

5º) Felizes os que têm a Deus como seu Senhor. Salmo 144:15.

6º) Felizes os que encontram a sabedoria. Prov. 3:13.

7º) Felizes os que são humildes de espírito. S. Mat. 5:3.

8º) Felizes os que aceitam a Jesus como seu Salvador. Apoc. 22:14.

9º) Felizes os que confiam no Senhor. Prov. 16:20.

Em quem ou no que estamos nós confiando?

10º) Felizes os que estão livres da inveja. Tiago 3:14, 16; I Ped. 2:1.

 

Bertrand Russell em seu livro A Conquista da Felicidade declara que a inveja é um dos grandes obstáculos à felicidade.

Alguém definiu o invejoso com muita propriedade ao declarar: O invejoso é a pessoa que em vez de estar contente e feliz com o que tem é infeliz com o que os outros possuem.

Aristóteles disse: “A verdadeira felicidade consiste em fazer o bem”.

Testemunhos Seletos, Vol. I, pág. 35, declara: “Mas a felicidade máxima será experimentada mediante o fazer bem aos outros, em tornar outros felizes. Tal felicidade será perdurável”.

Eduardo Girão, assim se expressou: “Há duas fontes perenes de alegria pura: o bem realizado e o dever cumprido”.

Norman Vincent Peale afirmou:

“O motivo por que tantas pessoas falham em ter felicidade, sucesso, vida satisfeita, é porque estão pensando em si mesmas, não aprenderam a perder-se para si mesmas na consagração às vidas e necessidades dos outros”.

Lembre-se ainda das palavras de Alberto Schweitzer a um grupo de estudantes: “Os únicos entre vocês que serão verdadeiramente felizes, são os que tiverem buscando e descoberto a maneira de servir”.

 

O Filósofo Grego Timon e a Felicidade

 

Há um incidente interessante, relatado na História da Grécia, envolvendo o filósofo misantropo e pessimista – Timon.

Certo dia ele afixou na porta da sua residência este inusitado e tentador anúncio:

“Entrega-se esta casa a quem for verdadeiramente feliz”.

Dezenas de pretendentes chegaram a sua casa atendendo ao sedutor convite. Com todos o filósofo mantinha um pequeno diálogo, para ter a certeza de que a pessoa era verdadeiramente feliz. A primeira pergunta era:

– O senhor é verdadeiramente feliz?

A resposta quase sempre era.

– Sim, eu o sou.

– E pode explicar-me o que é um homem feliz?

Ele encaminhava a palestra até que todos chegassem à seguinte conclusão: Feliz é a pessoa que tem paz interna e está satisfeita com o que possui.

Quando a pessoa chegava a assim concluir, Timon lhe dizia:

– O senhor ou a senhora é incoerente, pois se é verdadeiramente feliz não pode ambicionar à minha casa.

Desnecessário é concluir que a casa continuou pertencendo a Timon, mas a todos que o procuraram ele deu uma objetiva lição a respeito do que consiste a verdadeira felicidade.

Há muitas pessoas que lutam arduamente para conseguir coisas completamente inúteis e até prejudiciais à vida, mas que consideram indispensáveis em virtude do ambiente artificial e competitivo da sociedade moderna.

Há muitos anos, tomei conhecimento de uma frase de Sócrates, que me ensinou uma profunda lição e creio que também lhe possa ser útil. Certo dia, o filósofo passeava com seus discípulos pelas ruas de Atenas e contemplando a enorme quantidade de mercadorias que eram oferecidas aos que visitavam a capital da Grécia, ele exclamou aos seus discípulos: “Quantas coisas há no mundo das quais não necessito”.

Ao visitar países da Europa e das Terras Bíblicas, contemplando a imensidade de lembranças que eram oferecidas aos turistas, sempre me lembrava da lição de desprendimento que Sócrates me transmitiu.

Eula Kennedy Long, em seu belo livro Corações Felizes, apresenta-nos salutares conselhos para que os lares sejam verdadeiramente felizes. Lares infelizes formam comunidades infelizes, e comunidades infelizes fazem nações infelizes. Na página 105 ela afirma: “Sim, onde houver amor, aí haverá paciência e perdão. E onde estiver Deus, aí estará a felicidade”.

 

Lembremo-nos sempre de que Cristo no coração de cada um, Cristo no lar, Cristo na Igreja, Cristo na sociedade é que poderá fazer-nos felizes já nesta Terra, e capacitar-nos para aquela felicidade, que pela sua graça haveremos de desfrutar no lar eterno.

 

Você, que tanto almeja alcançar a felicidade, medite bastante no soneto que se segue:

 

 

A Grande Felicidade

 

Alceu Wamosy

 

A ventura maior entre as venturas

Que encher o coração possam da gente,

É ter-se a alma para as amarguras

De outros seres, aberta eternamente…

 

É sentir as alheias desventuras,

No sentimento extremo de quem sente

As mágoas de outrem, trágicas, escuras,

Em si vibrando, indefinidamente.

 

É poder dar um pouco de alegria

A cada coração, que a dor sombria

Envolve da tristeza dos seus mantos.

 

É ir piedoso, pela vida afora,

Entre a miséria que soluça e chora

Matando fomes, enxugando prantos!…

 

Nota: Tema apresentado no I.A.E. e em muitas de nossas igrejas.

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