Muitas chances de Sobreviver
Olá, esta é minha história, uma vida sofrida e com muitas dificuldades, mas estou lutando e irei vencer!
No ano de 1981 minha mãe e meu pai estavam em uma festa de carnaval onde se conheceram e me tiveram, quando ambos souberam da gravidez não aceitaram e tentaram realizar um aborto, mas sem sucesso, eu tinha que vir a este mundo.
Eu nasci com várias doenças, e uma delas se chama Cimioto, uma doença raríssima que não proporciona muitas chances de sobrevivência… Mas como Deus tinha um plano para minha vida, sobrevivi e minha mãe me registrou no cartório, mas meu pai não. Quando eu tinha aproximadamente dois anos de idade, minha mãe começou ter um caso com um rapaz, e resolveram se casar, e nessa época ela já tinha eu e minha Irmã e por causa disso o relacionamento ficou muito complicado!
Ele não me aceitava e me maltratou muito, apanhava diversas vezes com socos e chutes, com aproximadamente seis anos ele mandou minha mãe escolher entre eu e ele, foi muito difícil e ela acabou escolheu ele… Eu fugir de casa diversas vezes e isso com apenas seis anos de idade, tive de enfrentar a realidade cruel da vida. Quando os assistentes sociais me levavam de volta para casa, ela dizia a eles que eu era uma pessoa muito ruim e que aprontava muito, minha avó que me amava muito, tentava desmentir o que ela dizia, mas sem sucesso… Certa vez ela até tentou me colocar na FEBEM, foi muito difícil pra eu aceitar.
Com oito anos de idade comecei a trabalhar como feirante, e morei um tempo com minha avó, um fato que ocorreu em minha vida e marcou muito foi quando eu tinha dez anos de idade, estávamos realizando um jantar especial na minha casa com os familiares dele e os meus familiares, no total estávamos com onze pessoas e eu fiquei responsável de colocar os pratos na mesa, e como tinha onze pessoas coloquei onze pratos, e para minha surpresa meu padrasto retirou um prato da mesa e disse que eu não era da família, e que era para eu sair, foi um golpe muito forte e num ato de desespero olhei para minha mãe e tentei dizer o que estava acontecendo, e para minha surpresa ela me disse:
Você não o ouviu? Você não é da família saia daqui.
Eu fiquei muito triste, e tive que ir pra frente de casa esperar o jantar acabar para que assim fosse possível eu entrar novamente em casa… Este dia foi muito triste, mas passei por mais esta dificuldade. Quando eu tinha dezesseis anos de idade, minha mãe resolveu comprar uma pizzaria para minha irmã e para o marido dela, um comércio familiar, mas eles deixaram bem claro que eu não trabalharia no local, fiquei chateado, mas meu cunhado na época se dava muito bem comigo e por isso insistiu para que eu fosse trabalhar na pizzaria. Com o passar do tempo minha irmã se separando dele e ambos saíram da pizzaria, e apenas permaneceu eu, minha mãe e meu padrasto, e assim levamos o estabelecimento adiante, mas com o passar do tempo as complicações surgiram.
Em um dia voltando para casa depois de uma noite cansada de trabalho, fomos assaltados!
Eu ia de moto para abrir a porta, e minha avó não dormia enquanto eu não chegasse, ela estava sentadinha em frente a minha casa, só esperando eu chegar… Assim que cheguei, abri a porta e fiquei esperando o carro chegar com o dinheiro, quando o carro chegou dois rapazes nos abordaram, um apontou a arma em minha cabeça e o outro apontou para o carro, um dos assaltantes falou para minha mãe:
Se você não der o dinheiro eu mato seu filho, e ela respondeu:
Pode matar, porque não darei o dinheiro!
Minha avó não agüentou esta cena e entrou na frente do bandido, e conseqüentemente na frente da bala que estava destinada a mim, naquele momento eu paralisei, e eles correram. Ela caiu no chão, pegaram-na e correram para o hospital, na época ela estava com oitenta anos de idade, eu fiquei desesperado a única pessoa que me amou estava à beira da morte. Eu me desloquei para o hospital e fiquei ali esperando noticias dela, na época eu tinha uma prima que trabalhava no centro cirúrgico do hospital para onde ela foi levada, depois de um tempo minha prima trouxe a noticia de que tínhamos que ser fortes, e que ela estava muito mal o tiro que ela levou foi bem no peito e era muito difícil suportar devido à idade dela, meu mundo desmoronou neste momento, mas para minha felicidade ela suportou e se recuperou. Logo depois desse acontecimento, eu peguei meu padrasto com a amante e não suportei e fui falar com minha mãe, ela não acreditou em mim, e falou para ele o que havia acontecido… Neste dia eu estava completando dezoito anos, ele fechou a pizzaria comigo dentro e me espancou muito, minha mãe não tentou intervir, e após algum tempo para minha surpresa ela o pegou com a amante, foi difícil para ela suportar este golpe, ao ponto dela ter problemas mentais, e o meu padrasto a largou. Eu resolvi ajuda – lá na internação, cuidados, visitas e tudo que fosse necessário, eu me dividia entre manter a pizzaria, sustentava a casa e dava o suporte para ela no hospital, todos a abandonaram, somente o filho que ela tanto rejeitou ficou ao seu lado.
No ano seguinte ela já estava muito bem, tínhamos vendido a pizzaria e eu trabalhava como motoboy de pizzaria, e estudava. No dia 29/07/2000 em um sábado à tarde, eu estava no meu trabalho, e fui entregar uma pizza, quando um rapaz alcoolizado colidiu comigo de frente, causando quatro fraturas expostas, e uma perda óssea muito forte, eu estava no chão acordado, com minha perna na altura da cabeça, senti que ali era meu fim sempre ouvi falar de um Deus, mas nunca tinha o seguido, ali no chão resolvi falar com ele e prometi que se eu saísse daquela situação eu daria este testemunho por toda a minha vida e me tornaria um Pastor. Lutei muito naquele momento até que o resgate chegou me recordo como se fosse hoje, o bombeiro me olhou e olhou para o companheiro dele e disse que não sabia como me retirar daquela situação, eu agarrei forte em seus braços e pedi para ele me ajudar, eu estava com muito medo de morrer. Levaram-me para o hospital e assim que cheguei o médico me trouxe uma folha e me disse que seria amputada minha perna esquerda, eu não aceitei assinar este papel e falei com Deus novamente que se ele existisse faria algo, naquele instante me lembrei que minha prima estava trabalhando no hospital, e pedi para chama – lá, quando ela chegou e me viu naquela situação começou a chorar, ela foi conversar com o médico e pediu que fosse feito algo “Pelo amor de Deus”, me levaram para o centro cirúrgico eu me recordo de algumas cenas, quando eu sai do centro cirúrgico lembro-me de ter ouvido a voz de minha avó, ela estava chorando muito e pedindo que eu tivesse força, porque Deus iria me ajudar e eu sairia daquele problema. Fui levado pra UTI, acordei depois de uma semana com a perna pra cima e 17 kl puxando ela para baixo, uma tração esquelética fiquei um mês travado em uma cama, minha mãe estava comigo neste tempo, fui transferido para dois hospitais para realizar cirurgias, e depois voltava novamente para o hospital onde estava internado, depois de um mês e alguns dias recebi finalmente alta médica, mas com um fixador externo em minha perna, e um pino interno eu mal podia me levantar, fui levado para casa deitado, eu chorava muito fiquei abalado psicologicamente, não queria sair da cama e fiquei muito triste, minha mãe arrumou uma muleta para eu me locomover, mas eu não estava em condições psicológicas para isso, foi
ai que ela me levantou pegou um cabo de vassoura e bateu quebrou em minha perna machucada, eu ate cai para traz de tanta dor, me levantei com muito esforço a peguei pelo colarinho com uma faca bem afiada e falei para ela:
Só não te mato porque te amo muito e não quero ir para o inferno, joguei a faca no chão e tive que sair de sua casa e fui morar novamente com minha avó, onde ela morava não tinha muitos recursos eu dormia no chão sem nenhuma proteção e ela chorava muito porque queria me ajudar, mas não tinha condições financeiras, ela cuidava de sua filha com doença mental, e a aposentadoria dela não ajudava muito, nisso já tinha se passado três meses que havia ocorrido o meu acidente. Até suicido na época havia passado em minha cabeça, mas não tinha força para isso e para piorar minha situação, os médicos ainda queriam amputar minha perna, devido a uma ferida que não fechava pelo contrário abria a cada dia mais, em um ato desespero pensei: “Cloro limpa coisas pesadas, então ele irá tirar o podre de minha perna” então joguei e comecei a lavar com cloro puro e esfregar até ver sangue, enquanto não via sangue não parava a dor era insuportável mais o desespero era mais forte, e o tempo passou, fui a vários hospitais de São Paulo e todos diziam a mesma coisa, que meu caso não tinha solução eu já estava muito fraco e desanimado e não sabia mais o que fazer, foi um dia que decidi amputar de vez minha perna, já não suportava mais aquela situação desempregado, com muitas dores e dificuldades, foi ai que minha avó teve uma idéia, ela conhecia um Vereador da cidade e foi até ele pedir ajuda, e no mesmo tempo uma conhecida da igreja aonde eu freqüentava falou de meu caso a outra mulher que se comoveu com minha história e decidiu me ajudar… Mas eu já estava disposto a me entregar e amputar minha perna, foi quando marcamos a amputação para uma terça-feira no hospital Emilio Ribas, fui dormi na segunda-feira muito triste e chorava muito sem entender o porquê Deus havia me abandonado, amanheceu e eu não tinha nem pegado no sono quando deu umas 08hs chegou um carro na casa de minha avó e me disse que ia me levar a outro médico, eu estava tão desanimado que disse que não precisava que eu já estava disposto a me entregar, foi quando esta mulher me chamou e me convenceu a dar mais esta ultima oportunidade a mim mesmo, eu aceitei não tinha mais o que perder ela foi como uma Mãe para mim chegou ao médico ele me olhou e me perguntou o que eu queria, eu fui bem claro:
Gostaria de voltar a andar, no mesmo momento ela me disse marque o exame que irei te operar, eu não acreditei no que estava ouvindo olhei para ela com os olhos cheios de lagrimas e ela me disse que em seis meses eu estaria andando, e olhou para esta minha amiga e disse:
Mãe vá fazer os exames dele, que ele irá operar… “Nunca tive um amor assim”. Fiz os exames e chegou o dia de operação, eu estava muito magro nesta época, estava com 55 kl, deitado no corredor do centro cirúrgico o médico me olhou e me disse:
Michael seja forte e acredite muito em Deus, eu vou te levarei para a sala, mas não sei se você voltara, dependera de Deus e de você mesmo… “Entrei com muito medo e chorava muito, depois de 3h de cirurgia sai do centro cirúrgico com 35 kl e muito mal, mas suportei, depois de cinco dias obtive alta médica e fui me recuperar na casa de minha amiga, minha avó sempre estava por perto era um pouco distante de sua casa, mas meus amigos faziam questão de leva – lá para me visitar. Depois de três semanas eu voltei pra casa de minha avó, recuperado… Na época eu era de uma igreja evangélica e este minha amiga era Adventista do Sétimo dia e me fez um convite de fazer uma visita a sua Igreja, e aceitei imediatamente, me recordo como se fosse hoje: “Um sábado com almoço foi o melhor dia de minha vida”, aceitei a mensagem e resolvi estudar a bíblia com os Adventistas, logo depois fui batizado minha avó ficou muito feliz, na época ela trabalhava e um dia ela estava indo para o trabalho, quando foi subir para o ônibus, ele fechou a porta e ela caiu para traz quebrando uma perna e foi para o hospital muito mal me chamaram para ir vê-la no hospital porque ela estava me chamando, ela me acalmou e teve que ser transferida para outro hospital porque onde ela estava não tinha recurso suficiente, na época eu estava namorando e tinha me batizado há pouco tempo, fiquei muito mal e não tinha coragem de visita – lá, porque sabia que ela iria morrer. Certo dia fui conversar com um senhor que confiava muito, e a mulher dele me disse que eu orasse pelo melhor e não pelo que eu queria na época, e assim fiz, ela continuava internada e em uma quinta feira minha mãe estava com ela no hospital, e teve um problema, eu tive que correr para o hospital para arrumar as coisas, ela me chamou, estava na UTI com vários aparelhos em volta pegou em minha mão e disse:
Meu filho, eu fiz o que pude por você se pudesse sair desta cama e fazer tudo de novo o faria porque te amo muito, não desista de você, eu fiz de você um homem e não um moleque então, por favor, não desista e seja forte… Eu estava chorando muito e fiquei muito mal, foi quando a enfermeira me tirou da UTI, eu a beijei e sai, isso na quinta feira, no sábado seguinte havia uma programação do conjunto no qual minha noiva cantava em Jacareí, eu estava tão mal que precisaram me levar, eu orei muito neste dia, o J.A era um programa musical, em certo momento do programa faltou energia e o conjunto estava cantando, todos resolveram parar de cantar menos o conjunto, o pessoal começou a sair da Igreja foi quando minha ex-cunhada virou e falou:
Nós viemos para louvar a Deus, e vamos louvar com ou sem luz!
E assim foi depois de duas músicas cantadas a energia retornou, e ninguém saiu do lugar, foi quando no ultimo louvor ela começou a falar da nova terra e novo céu, e eu me lembrei de minha avó, abaixei a cabeça e começou a tocar o louvor: Faço Nova todas as Coisas, o mundo parou para mim, neste momento passou em minha cabeça todos os momentos que vivi com minha avó, eu chorava muito, acabou o louvor e viemos para casa, no dia seguinte eu estava decidido á visita – lá, fui me deitar quando ás 03hs da madrugada minha mãe me acordou e me deu á seguinte noticia:
A sua avó faleceu, não pude acreditar naquilo… Ela foi sepultada no dia 11/08/2008 no dia dos pais, um domingo muito ensolarado, até hoje não suportei essa perda!
Hoje sou eu quem ajuda minha mãe, estou cursando o 6º semestre de Psicologia e pretendo fazer Teologia e cumprir minha promessa, e realizar meu maior sonho que é ter minha família.
Muitas coisas aconteceram, mas estou de Pé… E quero lhes dizer que isso ocorreu em minha vida.
Michael Fernando
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