Os Caminhos de Obscuros de Deus
A Atitude de Deus diante das injustiças
e sofrimentos é um dos temas mais intrigantes do cristianismo. Quando o sofrimento vem, logo julgamos a justiça divina como tardia e nos perguntamos: “Se Ele é um Deus de amor, por que sofremos?” Será que Ele Se encaixa realmente no perfil de Deus das vítimas?
Diante desses questionamentos, há uma forte tendência de não confiarmos nos métodos divinos e buscarmos vingança por nós mesmos. Até parece que queremos ensinar a Deus como resolver nossos problemas e aliviar a nossa dor! Interessante que Deus, em Sua Palavra, responde a todos os nossos questionamentos e, embora não pareça, o sistema sacrifical e a figura de Cristo como oferta perfeita podem ser uma resposta à nossa angústia.
Primeiramente, o livro de Jó revela que não há uma relação direta entre nossas infelicidades e um possível julgamento da parte de Deus. Acidentes, enfermidades e doenças deveriam ser analisados primeiramente num âmbito absolutamente humano. Isso não significa que Deus nos entrega ao acaso e que não Se importa conosco, mas nos lembra que a vida perfeita que
Deus ofereceu ao ser humano foi rejeitada quando ele escolheu o conhecimento do bem e do mal.
Culpar a Deus pelas nossas desgraças é primeiramente um grande equívoco. Esse raciocínio se desfaz ao mínimo contato com a verdade bíblica. Vale lembrar que o ato de acusar é originalmente satânico.· Satanás é o grande acusador e “mentiroso desde o princípio’: Sua filosofia persecutória não deveria ter voz entre os cristãos. Toda pessoa que acusa a Deus não conhece verdadeiramente Seus caminhos.
Contrariamente a essa tendência, a história revelou que Deus não é violento e que nunca usará desse artifício para julgar Sua causa. Aliás, se Deus fosse violento, há muito o problema do pecado estaria resolvido. A presença de Cristo no mundo revela um Deus que resolve perfeitamente o problema do pecado. Ele nos envia Seu Filho unigênito como um ser humano humilde e simples, para pagar o preço da maldade.
Jesus desprezou e dispensou todos os adjetivos que caracterizassem Cristo segundo os olhos humanos. Ele não quis a glória, os aplausos, o sucesso e a paz deste mundo. Seus sofrimentos e rejeição provam que Ele veio como vítima, e vítima perfeita, para pagar o preço do pecado, e sem violência.
Ele assumiu o papel de servo sofredor e morreu justamente para denunciar o mecanismo falido da violência e da vingança, para denunciar a falácia dos métodos humanos. Sendo assim, ser vítima hoje, é de certa forma partilhar da experiência de Cristo. Ele “não abriu a Sua boca” mas esperou pela atuação divina.
Como culpar a Deus pelos nossos sofrimentos, catástrofes e injustiças se Ele não é um Deus violento? Por outro lado, ninguém melhor do que Ele para
Se tornar o nosso advogado, mas isso não significa que teremos justiça conforme a nossa vontade. Jesus morreu há quase 2000 anos, Seus inimigos já pagaram pelas injustiças e sofrimentos que Ele experimentou? Em vez de Se preocupar com a vingança, Ele recomenda aos homens que confiem nos caminhos de Deus, mesmo que obscuros. No momento mais turbulento de Sua vida, Jesus não culpou a Deus, mas permitiu que Ele fizesse a Sua vontade. Não podemos nos esquecer que há nesse ato um apelo à imitação. A religião de Cristo é antes de tudo, submissa à vontade de Deus, pacífica, anti-violência e contra a revanche.
Portanto, a justiça de Deus nada tem em comum com a lógica humana. Os Seus caminhos são “loucura para os homens’: Esse é nosso Deus! Um Deus de justiça! Esse Deus que foi rejeitado, que continua sendo acusado injustamente, um dia será compreendido perfeitamente. Esse Deus das vítimas é invisível aos olhos do mundo, mas através da Bíblia, Ele é impecavelmente revelado.
A teologia cristã afirma: a aparente derrota se transformará logo em vitória triunfante. O cristão deve se saciar com a maior de todas as revanches: a cruz.
Autor: Creriane N. Lima é Professora de Linguas e Literatura de Engenheiro Coelho, SP.
Publicar comentário