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Salvando um náufrago, salvou o irmão

 

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                     Salvando um náufrago, salvou o irmão

 

Durante um violento temporal na costa da Escócia, um possante veleiro foi jogado pela fúria do mar agitado contra a praia rochosa. O forte vento e as altas ondas pareciam despedaçar o casco do navio. Os pescadores na praia reconheceram logo a situação crítica dos tripulantes e foram socorrê-los. A fúria do vento era semelhante a um bando de demônios ameaçando destroçar tudo. O perigo era grande.

No entanto, alguns homens destemidos tomaram um barco e foram mar adentro, conseguindo salvar  a tripulação. Após se afastarem do veleiro encalhado, notaram, espantados, que haviam esquecido de resgatar um tripulante que, naquele  momento, se agarrava ao mastro. O desespero se estampava no rosto. Porém, os remadores do barco disseram:

-Não podemos voltar e buscá-lo. Voltando, o nosso bote será arremessado contra as rochas e será feito em pedaços pela violência das ondas e todos pereceremos. Deixaram o jovem sobre o veleiro e rumaram em direção à terra. Quando chegaram à praia, aproximou-se deles um moço forte e disse:

-Se alguém me acompanhar, irei buscar aquele náufrago.

Sua mãe, que se achava ao lado, abraçou-o carinhosamente e disse:

-Meu filho, você não deve ir. Lembre do sue pai que também era marinheiro e pereceu num temporal como este. E, há oito anos, também seu irmão, Guilherme, foi ao mar e nada mais ouvimos dele. Sem dúvida, também morreu num naufrágio. Se você  for agora e morrer, o que farei eu ? Já sou velha e pobre… Você é o meu arrimo. Rogo-lhe: não vá.

Amorosamente, ele soltou o braço da mãe e respondeu:

-Mamãe, ali no mar um homem está em perigo. Creio que é meu dever salvá-lo. Se eu perecer cumprindo meu dever, Deus há de cuidar da senhora.

E beijando a face pálida e enrugada, embarcou no bote com seu companheiro e partiu em direção ao náufrago.

Os que ficaram na praia, esperaram longo tempo, com os olhos fitos no veleiro que devagar ia afundando. Anelavam a volta do bote.

Finalmente avistaram o barco, ainda muito distante, balançando violentamente sobre as ondas. Cansados e exaustos, os dois homens lutavam para conduzir o bote de volta. Quando já estavam próximos e podiam ser ouvidos, os que estavam em terra perguntaram:

-Puderam salvar o homem ?

O moço que havia partido para salvar o homem , levando as mãos a boca, exclamou:

-Sim! Digam à minha mãe que salvei Guilherme, meu irmão.

Havia somente uma alma a ser salva; e esse homem, do veleiro que afundou, era o irmão que por longo tempo estivera perdido. 

 

 

Ilustrações Selecionadas Para Sermões – Paulo G. Freitas  

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