Mártires

Seja criativo nos figurinos

Introdução

Os tempos eram de total degradação moral. A palavra de Deus fora proscrita e ilegalizada. Em seu lugar foram colocadas fábulas, tradições humanas e superstições. A professa igreja cristã nada mantinha da fé pela qual seus pais haviam sido mártires. Seus líderes eram jactanciosos, vaidosos, arrogantes, glutões, avarentos, libertinos, beberrões e cultivavam toda sorte de vícios. O povo perecia nas trevas da ignorância e do pecado, pois não tinham ao seu alcance a Palavra de Deus. Poderosas nações esvaziavam seus cofres para encher os de Roma. A soberania dos monarcas era sobrepujada pela arrogante autoridade do Pontífice Católico. Havia atraso nas ciências graças aos dogmas católicos. Tudo parecia perdido para a causa da verdade. Tal qual o inimigo das almas desejava, espessa escuridão circundava os seres humanos, impedindo que a Luz de Deus trouxesse-lhes salvação. Mas logo as fiéis testemunhas do Senhor se manifestariam e com bravura lutariam por seu mestre
Neste momento serão apresentadas histórias de alguns heróis da fé. História de pessoas que decidiram ser de Jesus.São histórias de homens e mulheres os quais, por meio de sua fé, subjugaram reinos e lutaram contra nações inteiras. Pessoas que eram fracas e se tornaram fortes. Foram torturados até a morte, pois eles recusaram ser postos em liberdade a fim de ressuscitar para uma vida melhor. Pessoas das quais o mundo não era digno!
Na Bíblia em Hebreus 11 temos uma lista de personagens bíblicos que foram heróis da fé, mas podemos seguramente dizer que esta lista não está completa, pois muitos que mereciam estar naquela lista viveram após a bíblia ser escrita. São os homens que enfrentaram o mundo para declarar: “Jesus brilha em mim”.

Moça valdense (moça)

Meu nome é Rute, sou descendente de Pedro Valdo, uma valdense, como costumam me chamar. Meu povo vive nas longínquas montanhas. Trabalhamos duro para sobreviver, pois é difícil cultivar o solo e criar animais lá nos montes onde vivemos. Por que moramos nas regiões montanhosas? Eu lhes explicarei: nosso ancestral Pedro Valdo nos transmitiu verdades bíblicas que desde cedo aprendemos e amamos. Por isso, quando todos adoravam imagens e confessavam-se a homens íamos a Cristo o nosso único mediador, quando todos guardavam o domingo, santificávamos o sábado. Por isso, Roma não nos toleraria, e , assim nos refugiamos nos montes, onde estávamos seguros para viver de acordo com as sagradas escrituras que, para nós não eram apenas um registro histórico, ou um livro de regras, mas o mais precioso dos tesouros.
Possuindo tal tesouro não poderíamos guarda-lo para nós somente. Assim, desde pequenos aprendíamos a transcrever grandes porções das escrituras, já que as crianças não podiam ser presas. Outras crianças decoravam livros inteiros da bíblia e recitavam a outras pessoas, muitas mulheres escondiam os escritos sagrados em massas de pães, também às vezes nos disfarçávamos de mercadores e escondíamos as cópias entre tecidos e jóias. E ao perceber que alguém tinha real interesse em conhecer a respeito da verdadeira fé, em sigilo lhes oferecíamos as cópias. Muitas pessoas foram ganhas e a verdade avançava de alma, em alma silenciosamente.
Às vezes viajávamos a longas distâncias para tornar conhecida a verdade. Passávamos privações, mas a luz avançava. Muitos de nós éramos torturados e mortos, mas a verdade alcançava a muitos outros.
Não foi fácil ser de Jesus num tempo como o nosso, mas valeu a pena
• Apocalipse 2:10

Mulher convertida (moça)

Meu nome é Guilhermina. Não, não se preocupem em procurar em registro histórico a meu respeito. Toda minha vida eu passei numa pequena da Inglaterra. Apesar de ser católica desde que nasci sempre me questionei se o caminho que seguíamos seria o correto. Por fim, aquietei a consciência, afinal, se todas as pessoas assim criam, não deveria haver outra verdade senão a religião romana.
Até que um dia ouvi dizer que o capelão do rei reagira com ousada indignação às requisições do papa com respeito à autoridade do rei e o destino das verbas do cofre real. Segundo o capelão do monarca, o papa era pretensioso ao exigir soberania, pois de acordo com a Bíblia, a autoridade do rei
era concedida por Deus. Fiquei impressionada, pois este nobre e ousado homem conhecia a Bíblia, e mais: ele sabia que havia algo de errado com as crenças católicas. Seu nome era João Wicleff.
Posteriormente, veio à minha pequena cidade. Pregou-nos que Jesus era nosso único Sacerdote e Mediador e nos incitou a conhecer a verdade bíblica por nós mesmos.
Logo João Wicleff nos dedicou, pois o rei o nomearia seu embaixador na Holanda; posição merecida, aliás pois Wicleff defendera os interesses da coroa inglesa contra Roma e sob sua influência várias nobres não mais se submeteram à pretensa autoridade romana e se recusaram a pagar tributos ao papa. Por ser um homem culto, João Wicleff foi, posteriormente, nomeado reitor de Lutherworth. Sua influência foi sentida em toda a nação inglesa sobre nossas crenças.
Sem dúvida, João Wicleff fez grandes coisas na inglaterra, mas nada foi tão importante quanto a tradução da Bíblia para o inglês. Assim, o povo agora tinha uma fonte de luz para buscar onde basear sua fé. Além disso, ele organizou um corpo de pregadores itinerantes que visitavam grandes e pequenas cidades, anunciando as verdades bíblicas. Um deles visitou nossa cidade. Assim me aprofundjei mais no conhecimento e me decidi a verdadeiramente ser de Jesus custasse o que custasse.
Através do jovem pregador, também tive notícias do homem que nos trouxera a primeira semente da verdade que agora florescia por toda a Inglaterra. O jovem me disse que seu mentor fora condenado à fogueira por três bulas papais; mas Deus o defendeu e a morte veio para o papa Gregório XI. Além disso, a rivalidade dos dois clérigos que disputavam entre si o trono de Roma, logo após o falecimento do papa Gregório XI, serviu para demonstrar abertamente o verdadeiro caráter da religião romana, que atribuía a seus líderes prerrogativas divinas, quando, na verdade, mais tinham em si do próprio inimigo. Assim, tudo cooperava para que a causa da verdade prosseguisse.
Em minha cidade, todos nós que abraçávamos a luz bíblica nos entusiasmávamos à medida em que a Inglaterra era ganha para Cristo por João Wicleff. Logo, porém, soubemos que este se achava enfermo, quase a morte. Esgotara sua saúde pelo evangelho. Mas Deus mostraria seu poder: quando todos pensavam que Wicleff sucumbiria à morte, o Senhor o curou e ele pôde continuar sua obra, até que foi chamado a comparecer perante o tribunal eclesiástico. Todos que orávamos pelo evangelista nos preocupamos, pois sabíamos quais as intenções do poder romano. Precocemente idoso, Wicleff não pôde comparecer a Roma devido a um ataque de paralisia, mas escreveu numa carta na qual censurava a pampa e orgulho dos pretensos representantes divinos. O destemido pregador pensava- e como ele todos nós – que seria silenciado pela fogueira romana, mas não temeu.
Pouco tempo depois João Wicleff caiu doente e faleceu em sua prórpia igreja em Lutherworth. Toda sua vida foi um testemunho de que ser de Jesus tem um preço, mas vale a pena.
Graças ao desprendimento desse valoroso homem fui salva do engano e pude declarar “Sou de Jesus”
• Mateus 7: 13 e 14.
Jerônimo

Conheci a verdade através dos escritos de Wicleff e cresci em conhecimento ao me associar a João Huss. Na verdade nossas histórias se entrelaçaram e se complementam. Eu lhes contarei.
Huss, embora de origem humilde obteve excelente educação. Após concluir o curso superior ingressou no sace

rdócio. João Huss considerava favoravelmente o que advogava Wicleff. Certo dia, chegaram a Praga dois ingleses. Eles traziam consigo dois quadros que impressionaram a população: em um deles, mostrava-se uma procissão pontifical, onde o Clero era visto com reoupas luxuosas e ricos ornamentos. No outro via-se roupas luxuosas e ricos ornamentos. No outro via-se a entrada de Jesus em Jerusalém com seus discípulos, com trajes simples e gastos pela viagem. “Nenhum sermão foi pregado”, contou-me Huss, “mas a mensagem foi eloqüente”. Assim, meu amigo passar a estudar profundamente a Bíblia e os escritos Wicleff.
Grande excitação fora causada pela exposição dos quadros e agora Praga estava sob interdição. Isto significava em outras palavras, uma espécie de excomunhão temporários de toda a cidade: não o seriam celebrados casamentos, os mortos seriam enterrados sem os ritos finais, os doentes não seriam ungidos… isto, segundo críamos era a própria sentença dos juízos condenatórios de Deus sobre nossa Terra.
Muitas pessoas exigiram que João Huss se entregasse a Roma. Para acalmar os ânimos, Huss retornou a sua aldeia natal e aproveitou o tempo para pregar a multidões ávidas pela verdade.
Logo após seu retorno, nos conhecemos e passamos a trabalhar juntos pelo Evangelho.
Com ardor e eloqüência pregávamos e ensinávamos à medida em que Deus nos impelia.
Atacávamos videntamente os crimes e vícios promovido pelo clero tribunal romano. Apesar de portar um salvo-conduto, João Huss e eu fomos presos, julgados e condenados, sem qualquer argumento bíblico para tal.
Por vária vezes João Huss ouviu ordens e apelos par que se retrata-se, mas sua decisão se manteve até o último momento. Morreu entre as chamas cantando “Jesus, Filho de Davi, tem misericórdia de mim”.
Quando a mim, Jerônimo, me envergonho de não ter sido tão firme. Permaneci preso por meses, comendo pão embolorado, dormindo no chão frio, acorrentado, adoeci. Como se não bastasse, era torturado noite e dia. E ao pensar na morte de Huss fui tomado pelo desânimo. Assim , cedi. Abjurei perante o concílio.
Porém minha consciência não se apaziguar, e, quando fui novamente chamado a comparecer perante o concílio de Roma, decidi declarar minha fé. Não mais poderia negar Ser de Jesus.
Fui condenado à fogueira. Não me importo de ter perdido a vida. Ser de Jesus vale mais que qualquer coisa neste mundo.
• Mateus 5:11 e 12.

Martinho Lutero (rapaz)

Meu nome é Martinho Lutero. Nasci em um lar pobre. Meus pais sempre se esforçaram para que eu estudasse e eu também amava o saber. Mas, acima de qualquer coisa, desejava, motivado pelo medo, encontrar paz com Deus tirano e castigador que eu conhecia.
Meus pais deram-me condição de estudar na Universidade de Eufurt. Lá descobri entre os livros, uma Bíblia latina. Para mim, foi como encontrar um grande tesouro. Meu maior desejo era estar em paz com Deus. Motivado por isso, encerrei-me num convento. Exigiam que eu mendigasse e me humilhasse, e eu o fiz porque sentia culpa pelos meus pecados.
Em uma parede do convento, encontrei acorrentada uma Bíblia, e eu a lia avidamente, durante o tempo destinado às refeições e ao sono.
Eu jejuava, realizava vigília e praticava todo o tipo de mortificações para ter paz. Se alguém fosse alcançar a salvação pelas obras, essa pessoa seria eu. Mas tudo era em vão, eu estava à beira do desespero. Então, Deus me enviou um amigo e conselheiro Staupitz me aconselhou que não olhasse para mim mesmo e para meus pecados, mas que me lançasse nos braços do Redentor, pois Ele morrera por mim. Essas palavras me trouxeram paz como eu nunca sentira antes.
Fui ordenado sacerdote e designado professor na Universidade de Wittenberg. Spaupitz e outros amigos insistiam que eu pregasse. Após muito relutar, cedi. Percebi que a mensagem era eficaz e os corações eram tocados.
Certa feita, fui levado a visitar Roma. Lá chegando fiquei surpreso diante do luxo e magnificência ostentados. E ao ver os pecados que eram cometidos na própria sede da Igreja fiquei estarrecido. Para mim, a Igreja Católica era a Igreja de Cristo na terra, e entristecia-me, profundamente que a liderança da igreja se tivesse corrompido tanto.
Sentindo o peso de meus próprios pecados, decidi fazer um sacrifício: subiria a famosa escada de pilatos, “miraculosamente” transportada de Jerusalém a Roma. Iniciei a penitência, subindo a escada de joelhos quando ouvi claramente uma forte voz que dizia”o justo viverá por fé”. Imediatamente me ergui, cheio de vergonha e horror. Jamais tornei a confiar em outra coisa. Senão os méritos de Cristo para me salvar. Imbuído de tal crença, determinadamente dirigi-me ao povo. Pregava-lhes a autoridade da Bíblia como única regra de fé e a Salvação unicamente pela graça. Muitas almas sedentas de paz e alívio o encontraram nestas poderosas verdades.
Opus-me à venda de indulgências, exposição de relíquias à doutrina do purgatório entre outras coisas. Do púlpito eu as combatia com ardor incansável.
Certa feita escrevi 95 teses nas quais condenava, em resumo, o vício imperante no clero e os enganos e fábulas pregadas por Roma em lugar da Palavra de Deus. Eu as preguei às portas da catedral de Vitemberque, mas não em um dia comum. Era véspera do dia de todos os santos, quando seria exibida uma grande coleção de relíquias vindas de Roma. Meus escritos na porta da igreja causaram grande alvoroço. Mais tarde reconheci que poderia ter agido com menos ímpeto e mais cautela, mas creio ter sido plano de Deus que as coisas ocorressem assim.
Eu que sempre vira a mim mesmo como um filho de Roma, agora percebia que me desligar da religião Católica seria inevitável. Deus me apresentar uma tarefa e eu deveria cumpri-la sem temer a vidência dos adversários da verdade, pois, Ser de Jesus muitas vezes implica envolver-se em conflitos.
Mais de uma vez fui chamado a comparecer perante a dieta – nada mais que um conselho de homens que pretendia determinar o que era certo e errado a toda consciência. Mais de uma vez lhes disse que minha retratação era algo simples de se obter. Bastava tão somente me provarem, pelas Escrituras, o meu erro e eu abjuraria com prazer.
Os agentes de Roma por muitas vezes tentaram me lançar à fogueira, mas Deus havia suscitado entre a nobreza alemã defensores da verdade, que sempre conseguiam me livrar.
Por toda Alemanha a mudança era visível. Pureza, sobriedade e modéstia substituíam licenciosidade, indolência e orgulho,. Deus acendera uma luz em Vitembergue e ela se estendia por toda a nação. Pessoas decididas a serem de Jesus, de bom grado sacrificavam suas vidas pela causa da reforma, e eu teria feito o mesmo, se fosse plano de Deus. Aprouve ao Senhor me conservar vivo para que, através da pena pudesse fazer mais por Sua causa que através do púlpito. Alguns de meus protetores entre os nobres esconderam-me em um castelo nos montes. Meus inimigos se confundiram, pois me imaginavam morto, mas meus escritos proliferavam por toda a Europa. Em verdade o Senhor foi meu verdadeiro Castelo Forte, e me preservou com vida para cumprir seus propósitos. Louvado seja o Todo-Poderoso Deus.
• Salmos 91: 14 a 16

Zuínglio (rapaz)

É curioso que eu tenha me tornado um “luterano” sem ter jamais lido um escrito do alemão Martinho Lutero e sem nunca termos nos comunicado. Vou lhes explicar.
Sou Zuínglio, nasci na Suíça e, desde criança as paisagens dos Alpes onde eu vivia me impressionavam com respeito á grandiosidade do Criador. Minha avó contava-me histórias bíblica que ela conseguia filtrar dentre todas as tradições e fábulas do catolicismo.
A vida clériga logo me atraiu, mas meu pai me impediu de me tornar um monge. Me sentia atraído pela vida religiosa, assim, mais tarde, me tornei padre.
Pesquisei a Palavra de Deus, que graças á obra de Wicliff, João
Huss e Jerônimo me chegava ás mãos e vi claramente o erro de confiar em obras humanas, confissão a homens e mediação de santos para obter salvação. Assim pus-me a pregar os méritos da salvação de Cristo, não só em minha cidade, mas em outras partes da Suíça.
Certa vez foi-me apresentada a oportunidade de dar testemunho da verdade em uma ocasião formidável. No convento de Einsiedeln havia uma imagem da virgem que era considerada milagrosa. Multidões visitavam essa imagem em busca de milagres curas e bênçãos. Então eu lhes disse que Deus não estava no convento mais que em qualquer outra parte e que Cristo nos é garantia suficiente da misericórdia divina.
Algumas pessoas ficaram desoladas com tal afirmação. Não podiam conceber que sua penosa peregrinação fosse vã. Mas almas ansiosas pela libertação perceberam que ser aceito por Deus era fruto da graça e não das obras, e aceitaram alegremente Ser de Jesus.
Lutero e eu jamais nos falamos ou nos escrevemos e ver que fomos chamados por Deus ao mesmo tempo e com a mesma mensagem só me deu mais convicção de que Deus está no controle de Sua obra. E foi isso que impediu que o Catolicismo Romano a exterminasse.
Tudo o que puderam fazer com os reformadores suíços, foi nos excomungar, e assistir enquanto a Palavra de Deus prevalecia no conflito.
Depois de nós vieram Tyndale, os irmãos Wesley, Calvino, Léfevre, Guilherme Farel, Berquim, Froment e outros notáveis homens de fé que amaram mais a Cristo do que as próprias vidas. Para mim fica cada vez mais claro. Queira você ser ou não de Jesus, Ele é vencedor e sua causa, triunfante.
• Hebreus 12: 1 a 3

 

Autores: Priscila Pereira Silva e Ana Paula Taveira de Oliveira 

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