Julgamento do Dia dos Pais

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Peça - Julgamento do dia dos pais

Esta emocionante peça teatral é perfeita para ser apresentada em um culto jovem ou programação especial em comemoração ao Dia dos Pais. Uma celebração única do papel paterno na sociedade, repleta de reflexão para todos. Você pode adaptar da melhor forma a sua realidade.

Para realizar, no mínimo 3 pessoas. [Juiz, Promotor e Defesa]

Peça: Em Julgamento: PAI

JUIZ: Senhoras e Senhores, está em julgamento nesta comarca do planeta Terra um personagem vastamente conhecido pelo nome de PAI, figura altamente controvertida, admirado por uns, amado por outros, acusado por muitos, desejado pela maioria dos solteiros, seguido por um incalculável número de casados. Sua posição neste julgamento é realmente séria. Pesam sobre ele graves acusações, tanto mais graves quando se sabe que em suas mãos está o destino do gênero humano. Com a palavra o Exmº. Sr. Promotor.

PROMOTOR: Meritíssimo Sr. Juiz, prezado colega de defesa, senhoras e senhores, não é por diletantismo que ocupo a tribuna nesta ocasião. É, sim, movido pela gravidade da situação e pelo iminente perigo que ameaça o gênero humano. Este homem que aqui vemos no banco dos réus, conhecido e reconhecido pela alcunha de PAI, está neste momento sendo julgado e acusado, pois é ele o responsável único pelo descalabro da humanidade.

Seus crimes remontam aos primórdios da humanidade, quando a vida familiar girava em torno de sua órbita. E, ainda hoje, ele se constitui como o ditador do lar, subjugando física, espiritual, moral e socialmente aquele que a providência destinou como sua companheira e que, com ele, foi criado em pé de igualdade, à imagem e semelhança de Deus. Mas não é só isso. Nós o acusamos como o esvaziador do lar, porque raramente se encontra em casa.

Nós o acusamos como arbitrário, pois somente a sua palavra é tida como lei incontestável. Nós o acusamos como o detentor da ciência, da política, do comércio, da indústria e dos esportes, pois é apenas ele que tem acesso a esses campos da sociedade. Nós o acusamos como usuário do dinheiro que ganha. Nós o acusamos como culpado pelo abandono dos filhos. Nós o acusamos, por fim, por querer sustentar seus privilégios e lutar contra a emancipação feminina.

DEFESA: Sr. Juiz, permita-me interromper esta prosopopeia sem nexo e sem fundamento. Sem nexo porque confunde homem como pai. Sem fundamento porque parte do particular para provar o universal, incorrendo em um dos mais crassos erros de filosofia, ou seja, ela aplica a TODOS OS PAIS aquilo que pode ter sido elaboração de alguns, como se fosse lógico admitir que todas as mulheres são brancas porque Maria das Quantas é branca. Sem fundamento porque ele, o promotor, confunde propositadamente tempo e distância, aproximando tudo deste homem – O Pai – como se tivesse acontecido com ele no dia de hoje.

E como se não bastasse, chega ao cúmulo de pretender apontá-lo como destruidor da humanidade. Destruidor por quê? Em nome de que princípio? De que filosofia? Quem se arroga o direito de acusá-lo como tal? O solteiro? Mas se o grande sonho do solteiro é tornar-se pai? Como poderia ser ele o acusador daquilo que deseja ser? A mulher? Mas não é ela a companheira inseparável do homem? Disse o príncipe dos poetas castelhanos que “O homem é um mundo abreviado, a mulher é o sol deste céu”.

Como poderia existir o mundo, se não existisse o sol? A própria palavra PAI nada mais é do que a fusão do amor do homem e da mulher. A verdade é que a suprema felicidade da mulher é encontrar no homem a calidez do seu amor e nele buscar a grandeza de ser mãe. Se a mulher também nasceu por obra do PAI, como poderia ser ela a condenadora de quem lhe deu a vida? Se existiu discriminação entre homem e mulher ao longo da história da humanidade, não é o homem tão vítima desta discriminação quanto a mulher?

Não foi o PAI tão envolvido pelo turbilhão incontrolável dos hábitos e costumes quanto a mulher? Mas quem o acusa? E por que acusar quem também é vítima desta contextura milenar? Não é o PAI porventura, que sai de casa, desde o amanhecer, para o trabalho, para a luta do dia a dia, em busca do sustento para a mulher e para os filhos? Não é ele – O PAI – quem sacrifica o melhor de seu tempo e de sua vida para que a esposa e os filhos tenham conforto no lar? Não é ele quem se multiplica por dois ou três empregos para que os filhos possam estudar e preparar-se para a vida?

E quando estão preparados à custa do alto preço de seu suor, saúde e lágrimas, eis que eles, os filhos, partem para fazer a sua vida, sobrando ao PAI nada mais do que as consequências das agruras passadas? Então é esse homem que está no banco dos réus?

Olhemos para ele. Sim, olhemos para ele! Olhemos para todos os pais aqui presentes e veremos no seu rosto não o espírito de destruição, mas a preocupação e a ânsia por encontrar soluções para todos os problemas da família. Olhemos para as rugas de sua idade avançada, para os sulcos do sofrimento, para os achaques e os abalos de sua saúde e encontraremos um homem que deu sua juventude e sua vida para que o bem-estar fosse um dos pilares da felicidade familiar.

Se é verdade que ainda hoje os destinos da humanidade estão em grande parte ao alcance de suas mãos e sob sua direção, não é menos verdade que a cada centímetro da glória lhe corresponde não menos dimensão de peso e sacrifício. Se é verdade que ao longo dos séculos ele escreveu páginas históricas nos campos de batalha, não é menos verdade que preferiria a calma, o amor e a felicidade do lar do que a destruição do mesmo, do que a mutilação e o sangue dos campos em luta.

Se é verdade que a ciência, a política, os esportes e os pontos-chave da vida social estão em suas mãos de forma acentuada, não é menos verdade que talvez isso se deva mais por uma decorrência histórica do que por seus próprios esforços pela supremacia. Afinal, hoje vivemos num mundo de competições, onde a igualdade de condições e de chances coloca homens e mulheres na mesma linha de frente.

Pais, é em nome do sentimento e da justiça que nos cumpre dar o real valor ao PAI. Talvez porque seus grandes sacrifícios e renúncias são rotina e constância em sua vida, e ainda o colocam no banco dos réus, hoje, diante deste mundo conturbado, onde as preocupações pela subsistência e pelo bem-estar da família se apresentam como forças resistentes, ao invés de um banco de réus, nós deveríamos dar-lhe um momento de glória. E eu vou mais longe.

Ao ponto de chamá-lo de HERÓI. Realmente, o pai moderno é um herói, um bravo, um homem digno de nossa mais profunda homenagem. É por isso que eu peço licença para transformar este júri numa festa de gratidão por sua contribuição para o amor e a felicidade da família e do mundo. Tudo isso foi e será sempre muito importante.

A todos os pais, que hoje levantamos do banco dos réus para o pedestal dos heróis, o nosso carinho, nossa comovida admiração e nosso sincero respeito. E se alguém ainda lhe passaria pela mente continuar o debate, eu citaria o famoso orador Antônio Vieira: “Porque tenho conhecido tantos homens, sei que é mister muito tempo para se conhecer um homem.”

A nós cabe neste instante, reconhecer aquilo que na verdade representa o PAI na vida humana. Quanto mais, repetiremos, apenas aqui o Almirante Thompson: “O homem, somente depois de passar os umbrais da eternidade, é que está em condições de ser julgado”. Tenho dito.

JUIZ: Damos por encerrado este julgamento, não só desfazendo em tempo o equívoco das acusações, mas também atribuindo a esta figura admirável e extraordinária – O PAI – nosso respeitoso apreço e profundo reconhecimento pelo seu inestimável valor dentro da sociedade humana.

FELIZ DIA DOS PAIS!!!!

(Convidar todos os pais presentes para sentarem nos bancos reservados ao coral da igreja, caso seja possível, ou sentarem nos primeiros bancos da igreja. Sem eles terem conhecimento de que serão julgados)

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