Modernidade: um desafio

Texto Bíblico: Romanos 12:9-21.

Objetivos do Programa

Mostrar alguns problemas que a modernidade traz. Mostrar que podemos superá-los e viver

equilibradamente.

Introdução

Vivemos em uma sociedade onde o que é moderno já está superado e o que antes era Importante, já deixou de ser. Entramos na era da informática e da tecnologia avançada; um tempo onde a mídia massifica o povo, encolhe as distâncias e amplia os horizontes com “novas idéias”. Em nossa sociedade, altamente urbanizada, muito vivem juntos, mas “cada um vive na sua”. Os conceitos que hoje temos, os modelos que seguimos e até mesmo o comportamento “da hora” são ditados pelas fantasias que penetram nosso lar e nossa mente por meio de novelas, filmes e programas de TV.

A sociedade pode ser “moderna”, “pós-moderna”, ou qualquer que seja a definição, mas é bom lembrarmos que fazemos parte (nós, os cristãos) de uma outra sociedade, uma outra comunidade, cujos valores são “pré”, “pós” e eternamente os mesmos. Somos um povo, vivendo no mundo, mas nossos padrões não são deste mundo. Aqui, todos se alienam, se individualizam e correm em busca de seus próprios interesses. A nossa meta, entretanto, continua sendo a do amor comunitário, a perfeita comunhão com o Pai e com os seus filhos.

Quando, porém, o povo de Deus perde de vista seus próprios valores e incorpora as tendências sociais destes tempos modernos, vários perigos passam a ameaçar a convivência harmoniosa da comunidade cristã.

1º perigo:

COMUNHÃO DE SUPERFÍCIE

“Amai-vos cordialmente uns aos outros com amor fraternal” (Rm 12:10).

“Consolai-vos, pois, uns aos outros e edificai- vos reciprocamente” (I Tes. 5:11).

Há tanta ênfase na estatística e na quantidade dos membros, que o conceito de “qualidade”, dia

a dia vem perdendo seu valor. As igrejas superlotam suas agendas de tal forma que mal dá para cultivar o conhecimento humano, a comunhão, a amizade, a intimidade e o compromisso entre os membros da igreja. O rebanho do Senhor deixa de ser contado como “ovelhas” e se transforma em números. O membro da igreja deixa de ter um nome e passa a ser conhecido apenas como “irmão”. E assim, as pessoas chegam, assistem ao “culto show” e vão embora tão anônimos como entraram.

Jesus se preocupava com o rebanho, com as multidões, mas também com os indivíduos: “Ele

chama pelo nome as suas próprias ovelhas” (João 10:3). Como pode haver comunhão, sem que haja entrosamento, proximidade e verdadeira amizade?

O fato é que a igreja vem assimilando, pouco a pouco, a “cultura pós-moderna”, onde todos têm

medo de todos: medo de se expor, medo de se envolver, medo de se comprometer em qualquer

relacionamento sério, duradouro e permanente.

Preferem viver na individualidade e na superficialidade cantando aquele antigo corinho:

“tu no teu cantinho, e eu no meu”. Buscam uma religião onde só o que importa é “eu e Deus”, sem

qualquer profundidade no relacionamento interpessoal. Esquecem-se que a vida cristã é “vida

coletiva”.

Que tipo de atividade poderia contribuir para aprofundar a comunhão entre os membros de sua igreja?

De que maneira você poderia colaborar para que o ambiente da igreja se torne mais receptivo?.

2 o perigo:

COMUNHÃO DE EQUILIBRISTA

“Vivei, acima de tudo, por modo digno do evangelho de Cristo, para que … ouça no tocante

a vós outros, que estais firmes em um só espírito, com uma só alma, lutando juntos pela fé evangélica” (Filipenses 1:27).

Na cultura contemporânea, os relacionamentos estão se tornando cada dia mais fracos, vulneráveis, porque ninguém quer se comprometer, e ninguém está disposto a renunciar

em favor de alguém. As amizades são superficiais e já não resistem aos “trancos da vida”. E quando os membros da igreja começam a assimilar tais conceitos, eles se tornam o tipo do cristão “não- me-toques”… que, com qualquer esbarrãozinho suas bases se estremecem e logo desmoronam.

Estão juntos, mas são como equilibristas de um circo que, ao pequeno erro de alguém, todos

desabam e, com facilidade, ficam muito magoados.

Comunhão sem profundidade e sem compromisso é algo típico dos nossos dias, mas está longe do ideal que Deus planejou para o Seu povo. O Senhor quer que aprendamos a viver em comunidade: “Oh! Como é bom e agradável viverem unidos os irmãos!”

(Salmos 133:1). Não significa que Ele queira anular a nossa individualidade; de fato, cada um

de nós tem imenso valor para Ele, mas a nossa individualidade não deve ser pretexto para

isolamento.

Como a igreja pode valorizar cada membros sem perder a ênfase comunitária?

Como desenvolver um forte senso comunitário sem perder a individualidade?

3 o perigo:

COMUNHÃO DE PANELINHA

“Meus irmãos, não tenhais a fé em nosso Senhor Jesus Cristo… em acepção de pessoas” (Tiago 2:1).

Um dos efeitos danosos que a pós-modernidade pode exercer sobre a vida em comum de uma igreja é a tendência de passarmos a selecionar a nossa comunhão. Em lugar de “suportarmos uns aos outros” (Col. 3:13), cada um passa a procurar “sua turma”, deixando de ter a cruz de Cristo como referencial comum passando a desfrutar da comunhão somente com os que se identificam com a sua idade, condição social, nível cultural ou experiência religiosa. A “comunhão de

panelinha” é, na verdade, um tipo de segregação, de acepção de pessoas, e não passa de um

pecado disfarçado de santidade. Esse foi o pecado que Paulo teve que corrigir na igreja de Corinto:

“cada um de vós deve dizer: Eu sou de Paulo, e eu, de Apolo, e eu, de Cefas, e eu, de Cristo” (I Coríntios 1:12).

Além de uma comunhão individualizada, as idéias pós-modernistas têm levado muitos cristãos

a cultivarem também uma fé particular.

Para tais irmãos aquilo que o pastor ensina ou aquilo que o grupo acredita não é tão importante. Para eles, “importante são as minhas experiências com Deus… aquilo que eu penso, que eu acho”.

Nesse caso, a comunhão só se manifesta entre aqueles que pensam da mesma forma.

O que posso fazer para que as minhas experiências e opiniões não se tornem um obstáculo à comunhão com os irmãos?

De que maneira posso contribuir para que a nossa comunhão não se torne uma “panelinha”?

4o perigo:

COMUNHÃO DE OPORTUNISTA

“Mais bem aventurado é dar do que receber” (Atos 20:35).

Um relacionamento com tendências pós-modernas deixa de valorizar a simpatia pelo irmão

e pelo que ele é, passando a enfatizar aquilo que ele pode oferecer ou fazer por mim. Quem pensa e age desta forma deixa de olhar para a igreja como o ponto de encontro de adoração e

comunhão com os irmãos, passando a vê-la como uma “rede de influências”, um lugar de

oportunidades. Tais “cristãos” vão à igreja para receber alguma coisa de Deus, não para que Deus mude as suas vidas. Procuram por bênçãos instantâneas e gratuitas, mas querem distância de compromisso e de serviço. Só contribuem financeiramente se houver a promessa de receber uma restituição dez vezes maior por parte de Deus. Nada fazem pensando no bem-est

ar dos outros, somente no que podem ganhar com isso.

Quando o conceito do oportunismo religioso penetra na mentalidade cristã, surge a crise do

amor e da afetividade. Podemos ter uma igreja forte, rica e influente; uma igreja de firmes princípios doutrinários, mas se ali não houver um genuíno amor por Cristo e pelos irmãos, tal igreja perderá o seu caráter “familiar” e se tornará um “lugar de negócios” (João 13:35).

O que pode ser feito para fortalecer a amizade e o carinho entre os membros da igreja?

De que maneira o desejo de utilizar a influência de um irmão poderia prejudicar nossa comunhão?

5º perigo:

COMUNHÃO DE OCASIÃO

“Se alguém disser: Amo a Deus, e odiar o seu irmão, é mentiroso; pois aquele que não ama o

seu irmão, a quem vê, não pode amar a Deus, a quem não vê” (I João 4:20).

Um outro sintoma da pós-modernidade no comportamento dos cristãos é a tendência de viver uma espiritualidade independente, sem firmar raízes; livre de compromissos comunitários

e denominacionais. O cristão que pensa assim passa a ser de todos, mas sem vínculo com ninguém… vive de igreja em igreja, mas gosta mesmo é do “culto com pipoca”, no aconchego de

sua casa, diante do “púlpito da TV”… sua doutrina é uma “colcha de retalhos”, pois vive procurando modismos e novas descobertas… seu louvor predileto acontece em um show gospel onde a comunhão cede lugar à emoção e a edificação fica pra depois.

E independência é uma rejeição da comunhão com o corpo de Cristo; é a negação declarada de

que os cristãos são “membros uns dos outros”; é o caminho mais curto para a apostasia.

De que maneira a globalização incentiva esse comportamento de independência?

O que poderia ser feito, de forma preventiva, para evitar esse tipo de comportamento?

Conclusão

A pós-modernidade, sem dúvida, representa um grande desafio à igreja evangélica neste novo

milênio. Não dá para escapar a esse conflito, restando uma das três opções:

1ª Opção

A igreja pode entrar no esquema e mostrar uma cara moderna, contextualizada. Mas com isso

ocorre o risco de perder de vista sua missão e se tornar apenas mais uma “religião”.

2ª Opção

A igreja pode se isolar, manter suas tradições e evitar qualquer contato com o mundo moderno,

para que as influências danosas do mundo não comprometam a comunhão e o bem-estar da

igreja. Se, por um lado “não devemos nos conformar com este século”, por outro lado, também não podemos lançar fora a responsabilidade de ser “sal da terra”e “luz do mundo”.

3ª Opção

A igreja pode encarar a pós-modernidade como um desafio de Deus, sem se alienar e sem

assimilar os padrões do pós-modernismo.

Podemos, com equilíbrio, cumprir nossa missão, desde que coloquemos a nossa vida em verdadeira completa submissão ao senhorio de Jesus Cristo.

 

Revista Ação Jovem 2º trim. 2004 – DSA 

Deixe um comentário

O seu endereço de e-mail não será publicado. Campos obrigatórios são marcados com *