Noite de contrastes – Natal

1 – Noite de Natal!
2 – Noite de contrastes!
3 – Em meio ao silêncio, sem estremecimento da terra, nem convulsões atmosféricas,
4 – realiza-se o maior dos prodígios:
Todos – Deus se faz homem, Deus se faz criança!
3 – Onde?
4 – Numa gruta, entre animais.
3 – Meditemos os contrastes desta noite santa.
(Tempo do silêncio – cortina musical).
1 – Roma enfervesse.
4 – O ambicioso imperador César Augusto decretou recenseamento geral.
1 – A formidável máquina política do exército entra em ação,
3 – movimentação raças e povos.
2 – Roma e Belém, dois tronos. 4 – Dois pólos opostos.
2 – Em Roma, a ambição, a glória terrestre.
4 – Em Belém, o Rei dos reis, Senhor dos Senhores.
3 – O Autor dos tempos entra no mundo, na história.
1 – sem estardalhaços, cortejos, ser fausto.
Todos – Numa manjedoura.
2 – Sua corte, José e Maria.
4 – Seu trono, o colo da virgem.
1 – Seus pagens, rudes pastores.
3 – Suas insígnias reais, pobres fraldinhas.
Todos – “E encontrareis um menino envolto em paninhos”.
4 – Sua guarda real, dois irracionais.
2 – Roma e Belém, dois mundos
(Tempo do silêncio – cortina musical).
1 – Entremos no “palácio” de Belém.
4 – Entremos e pasmemos!
3 – Quem aí jaz na manjedoura é o Criador do Céu e da Terra.
2 – Esta mãozinha que beijas, faz e desfaz mundos.
4 – Este olhar que vos encanta prostra exércitos.
Todos – Este menino nascido a poucas horas é o Eterno.
1 – Este coraçãozinho, cujo palpitar advinhas apenas no movimento das roupinhas,
Todos – é o coração do mundo.
3 – Quem ornou o mundo de maravilhas e profusão,
2 – quem criou a natureza,
4 – repousa sobre palhinhas.
1 – Tornai-o em vossas mãos.
2 – Quem diria, esta criancinha sustenta o universo.
3 – Tudo o que existe sobre a terra.
1 – natureza, plantas,
4 – homens, animais,
2 – tudo é propriedade sua.
3 – Não desabrocha um jasmim,
4 – não cai uma folha,
1 – sem o seu consentimento.
3 – Vós que o fitais extasiados.
2 – sois incapazes de um gesto,
4 – de um afeto,
1 – de um pensamento,
3 – de um olhar,
4 – sem que haja o seu consentimento.
2 – E que faz o mundo?
1 – Que fazem os homens à vista de tais prdígios?
1 – A humanidade imersa em trevas,
3 – não divisa a Luz do Mundo.
2 – Os homens engolfados na matéria,
4 – dormem o sono de corpo e do espírito.
1 – Durante séculos suspirou-se por seu advento.
2 – Durante séculos viveu-se desta grande esperança.
3 – Durante séculos sonhou-se com seu reinado glorioso.
1 – hei-lo que chega,
Todos – os homens dormem,
4 – Hei-lo que pede abrigo,
Todos – os homens não tem lugar para ele.
3 – Eis que os coros celestes chamam os pastores ao presépio,
Todos – e os homens passam de largo e continuam a sonhar.
(Tempo do silêncio – cortina musical).
1 – Os homens vão à gruta e acham natural.
2 – Natural o presépio?
3 – Natural um Deus-Infante?
3 – Se não tivéssemos perdido a capacidade de sentir o mais profundo das coisas,
1 – brotaria um “magnificat” interminável de nossos corações.
Todos – Infelizes de nós que já não sabemos admirar!
2 – A nossa incapacidade de compreender,
3 – a nossa impotência de vibrar,
4 – a nossa indiferença ante o poema mais fantástico e divinamente lírico,
1 – é a prova mais palpável de nossa pequenez.
2 – E o maior contraste desta noite,
4 – não é o contraste entre a realidade e as potencias,
3 – entre a sublimidade do Mistério do Natal e a humanidade das circunstâncias,
4 – entre o príncipe da paz e o imperador romano,
Todos – Não são estes os maiores contrastes.
1 – O maior contraste,
2 – o mais terrível e esmagador,
4 – é o contraste entre o amor infinito de Deus
3 – e a frieza, o descanso dos homens em face do mistério desta noite.
(Tempo do silêncio – cortina musical).
1 – Deixemos nascer nesta noite.
2 – em cada um dos irmãos,
3 – em todos os oprimidos,
4 – nos mais pobres e humildes,
Todos – o Deus que se fez homem por amor aos homens

Autor desconhecido

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